Tive o privilégio de
voltar à Achada Fazenda para lá ficar três dias, depois de 19 anos. Foi
emocionante relembrar e rever caras conhecidas e humildes, com aquele sorriso
sincero que nem o tempo conseguiu roubar. Foi exactamente lá naquela Achada que
aprendi o que é ser o que ainda hoje tento ser – servo. Por ter sido lá o local
onde dei o pontapé de saída, foi também lá que protagonizei as minhas maiores
patadas, bem próprias de um principiante armado em doutor. A pregação tinha que
ser em português, e sempre antecedida de um hino, do hinário Louvor e Adoração,
apenas em vozes, sem instrumentos e, principalmente, sem palmas. Tudo isto
visava preparar o ambiente para que o Espírito Santo pudesse actuar. Ao
pregador, não bastava que tivesse apenas a gravata. Sem o casaco ninguém pregava
lá, por ordem do pastor. Mas de onde foram tiradas essas e tantas outras regras
que impus? Sinceramente, não sei responder. O que sei é que o povo cumpria tudo
e sem reclamar nada.
Mas não foi e nem
podia ser só barracas. Também há bênçãos. Aprendi e como aprendi. Achada
Fazenda foi a minha primeira grande universidade. Voltei lá para pregar, para rever
amigos e irmãos que me amaram e me aturaram, para pedir perdão a Deus e à
igreja pelo peso que impus e pela dureza das minhas palavras e decisões. Que o
diga o jovem recém-convertido, novato na fé, que por descuido e força do
habito, persignou ao sair do cemitério da Achada Igreja no final de um funeral.
Que o diga o jovem Marinho (apelidei-o de doutor Marinho) ao pintar um armário da
casa do pastor com uma cor contraria ao que era a ordem. O pior é que eu achava
que tinha toda a razão do mundo, quando, na verdade, não tinha nenhuma. Quantas,
meu Deus, deva eu ter “matado”? Perdão, perdão, perdão…
Esses três dias la me
serviram para ver que, a despeito da dureza das minhas palavras no passado, o
povo me agradece por tê-lo ministrado daquele jeito.
Quero
agradecer ao meu colega, Rev. Ananias Semedo, actual pastor em Achada Fazenda, pelo
convite e tratamento vip. Ao povo de Deus em Achada Fazenda, dos mais velhos
aos mais novos, sou muito grato pelas palavras de afecto, homenagem, carinho, perdão,
pelos presentes, abraços e amizade. Eu vou voltar outra vez. Sou grato.
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