O Governo decidiu criar um gabinete de crise a funcionar a partir desta terça-feira na dependência directa do primeiro-ministro e dirigido pelo general Antero Matos, para fazer um plano de acção imediata sobre a erupção vulcânica do Fogo.
Este gabinete terá como integrantes vários directores-gerais de quase todos os departamentos do Estado, da Policia Nacional e da Agência Nacional de Aviação Civil, com o propósito de apoiar as pessoas, garantir a alimentação, o abastecimento de água e energia, as condições de saneamento e assistência médica e medicamentosa. A decisão saiu do Conselho de Ministro Extraordinário, realizado na noite de hoje, que reuniu os governantes para analisar a situação resultante da erupção vulcânica na ilha do Fogo e perspectivar o futuro.
Um Plano B fica condicionado à possibilidade da reconstrução de uma nova vila, caso toda Chã das Caldeiras seja destruída, mas o Chefe do Governo admite tomar medidas extraordinárias para converter os recursos necessários para fazer face à esta calamidade.
Para o efeito, disse que poderá recorrer a instituições como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Árabe de Desenvolvimento Económico de África e fundos relacionados com catástrofe ou com as mudanças climáticas.
O primeiro-ministro garante que, relativamente à situação de emergência, a transferência já foi concluída, e que o sistema de protecção civil “funcionou muito bem”, de tal modo que as pessoas já estão alojadas e com assistência em termos de alimentação, água, saúde a assistência psicológica.
O Governo, anunciou, José Maria Neves, vai reforçar algumas vertentes de actuação, que passa por novos meios de comunicação como telefones satélites e outros equipamentos para evitar qualquer isolamento de Chã das Caldeiras ou da ilha do Fogo, assim como meios de transportes como barcos na região ou mesmo helicópteros para acudir qualquer situação de emergência.
Anunciou ainda que a Protecção Civil vai ter reforços em termos de materiais como máscaras e óculos, tendo em conta os gases e a protecção das pessoas, enquanto garante a chegada, a partir desta terça-feira, de especialistas provenientes das Ilhas Canárias, Espanha, Estados Unidos da América e Portugal para, juntamente com os técnicos nacionais, fazerem o acompanhamento e o monitoramento das actividades vulcânicas.
Em relação às crianças, disse o primeiro-ministro, um pouco espalhadas pelas ilhas, esforços estão sendo envidados para que possam ter acolhimento nas diferentes escolas da ilha, ressalvando mesmo que todas as medidas de apoio e protecção já foram tomadas.
Explicou que a ilha já conta com um destacamento da protecção civil, da Polícia Nacional e das Forças Armadas, no terreno, a trabalhar directamente com as câmaras municipais e com todo o sistema municipal da ilha, pelo que todas as primeiras actividades de socorros estão a ser desenvolvidas no terreno.
O Chefe do Governo confirmou que as lavas já consumiram o Parque natural de Chã das Caldeiras e que neste momento deslocam-se “a uma velocidade muito grande, 25 metros por hora” e que poderá provocar nos próximos dias estragos enormes em Chã ou mesmo na ilha do Fogo, dependendo da evolução da situação.
José Maria Neves avançou que se continuar a haver a emissão de gases, que já atingiram cerca de 10 a 11 quilómetros, poderá ter grandes consequências a nível da aviação civil, já que a Fil-oceânica do Sal faz a gestão de todo o espaço aéreo, pelo que a ASA está a fazer a gestão do tráfico, enquanto se aguarda pela evolução de situação.
Esta erupção vulcânica, iniciada por volta das 10:00 de domingo, 23, foi antecedida da de 02 de Abril de 1995, que prolongou-se por vários dias, naquele que foi um dos mais intensos episódios desta natureza no arquipélago.
Desta erupção de 1995 destacam-se o desaparecimento de uma aldeia e de importantes áreas agrícolas, a destruição de infra-estruturas e equipamentos.
Há registo de actividade vulcânica no Fogo desde 1500, tendo a erupção anterior a 1995 sucedido em 1951.
SR
Inforpress/Fim
Fonte: Fogonews
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