
A notícia da erupção espalhou rapidamente. Cada um contava da sua maneira, à moda dos nossos costumes na ilha. “A ilha estava esquecida e o vulcão chateado resolveu chamar a atenção dos outros para a nossa miséria”. Outros ditos circularam: “O nosso vulcão chorou lágrimas de Fogo. Ele chorou por nós”. Mais: “O vulcão não mexe com ninguém, só nos lembra que estamos aqui ao pé dele. Todos nós do Fogo temos um pequeno vulcão dentro que entra em erupção com muito mais facilidade que o grande e majestoso vulcão”.
A verdade é que, depois da noticia se ter espalhado, uma onda de solidariedade irrompeu em todas as ilhas e na diáspora.
Alguns irrefletidos defendem que já é tempo de o vulcão “falar” outra vez. Desejar uma erupção? Incrível! Só vindo de pessoas do Fogo que é 8 ou 80. Nós do Fogo temos o nosso “alto” e o nosso “baixo” com mais freqüência que os outros. Há aqueles que são sempre a favor do contra. Muitas vezes, fazemos com as mãos e estragamos com pés. Mas é preciso também reconhecer que muitas vezes fazemos e fazemos muito bem. Trabalhamos de sol a sol esgravatando até chegar à mina. E depois ouvimos os outros a dizer: “Vocês são sorteados”.
Alguém de fora observou: “Vocês precisam deixar o vosso orgulho extremo”. Sem dúvida. Precisamos e como precisamos. Devemos, neste caso em concreto, com todo o nosso orgulho, reconhecer que precisamos rever alguns paradigmas.
O vulcão é patrimônio de todos os cabo-verdianos e Fogo é uma ilha especial. Ali, os sociólogos têm uma mata a desbravar.
Concordamos com os que dizem que somos “orgulhosamente humildes”.
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