Friday, November 9, 2007

Aos meus amigos (II capítulo)

Aleluia! Ontem, depois de ter publicado o primeiro capitulo, apareceu um dos tios do Eliseu, meu grande amigo, meu camarada, meu irmão. Ulisses! Veio antes de ler o I capítulo. Deu-me aquele abraço de costume, estava com muita pressa como sempre e acabou por embalar ficando, mais ou menos, duas horas. É verdade que ele esteve ausente por algumas semanas a ponto de o próprio Eliseu notar. Terminada a visita, o Eliseu me perguntou: o tio volta amanhã? Respondi: agora é todos os dias. O Eliseu deu umas três voltas dentro de casa a correr e a gritar: agora vou ver o carro do tio todos os dias. É claro que o tio Ulisses não vai ficar zangado com um sobrinho só porque, de forma honesta, gosta mais do seu carro que do tio. Em compensação, o Ulisses sabe que somos amigos, somos irmãos.
A Eveline, minha primeira filha, censura o Eliseu lembrando-lhe que tem mais tios. O Eliseu, teimoso como o pai, só reconhece a buzina do carro azul do tio Ulisses estacionado à sombra do tendente perto da janela do quarto da Evi. A Evi que parece conhecer mais tios, continua a estranhar a ignorância do irmão mais novo lembrando-lhe os nomes dos outros tios, a cor dos carros dos outros tios, onde moram, quantas vezes já cá estiveram.
Perguntou a Evi: Então você já se esqueceu do tio Toti?
- Claro que não mas ele não tem carro.
- Já vi que você é mesmo ignorante.
A conversa continuou entre os irmãos mas mudaram de tema. Passaram para os desenhos animados.
Quantas vezes nós também passámos para “desenhos animados” deixando o essencial?
Poderíamos ir a uma pesca, almoçar juntos de vez em quando, orar, os primos brincariam juntos, enfim, tanta coisa poderíamos fazer. Temo que de mim Os Eliseus, os Elias, as Alines, as Dirces, as Ruths, as Tamares, os Calebes, os Esdras… estejam a reclamar mais do que uma simples mãozinha na cabeça de vez em quando.
Somos uma família, estamos no mesmo barco e no mesmo mar. Uns em conveses, outros em camarotes mas no mesmo barco.
Amigos são amigos. Quando perdemos um não dormimos à noite. E no dia que o recuperamos, a noite será pequena para tanto sono e sonhos.
Se despirmos do nosso orgulho somos capazes de ir atrás dos nossos amigos até encontrá-los. Eles também não estão a dormir. Assim, todos vão poder dormir sossegados e em paz.
E é de paz que todos precisamos.
Precisamos!

(continuação no próximo capítulo)

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A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.