De um modo geral, as pessoas não gostam de falar sobre a velhice, afirmam quase sempre que têm pavor. No entanto, algumas palavras são necessárias e, para começar, cito Comte-Sponville em sua obra Une éducation philosophique: “A velhice é essa última palavra de viver, de que somente uma morte prematura pode nos poupar”.
Por causa da sua imagem e da idéia comum de ver a morte como a sua companheira inseparável, a velhice é temida e evita-se falar sobre ela. Ora, é necessário tratá-la sem ilusão e sem pintura, como algo natural, parte inseparável da vida. Ninguém deve negar, por exemplo, que chegará um dia, que mesmo sendo saudável, o tronco e as pernas deixarão de obedecer a vontade do homem. Seu corpo cheio de frescor e muitas vezes de sensações agradáveis, ficará cansado, tremendo, vagaroso, desajeitado e se deteriorando. Nesse “estagio”, o homem se apavora com qualquer coisa e tudo o cansa, em alguns casos, ele precisa de ajuda até mesmo para resolver suas necessidades básicas. É a velhice. Uma experià ªncia que os homens insistem em resistir, mas sem sucesso. Apenas escapa dela quem morre jovem. Se para muitas pessoas, a juventude representa vigor, progresso, esperança e otimismo, a velhice representa o contrário de vigor, do progresso, da esperança e do otimismo. No fundo, é como disse Goethe citado por Arendt em sua obra Between pst and future, “envelhecer é o gradativo retirar-se do mundo das aparências". A velhice altera a forma como se sente a vida. LEIA +
Filósofo, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
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