Para qualquer
pastor, domingo é dos dias mais apetecíveis. É nesse dia que ele prega o seu
melhor sermão. Comigo não foge à regra. Porém, é com muita tristeza e mágoa que
vou ficar a recordar deste domingo, 8 de Janeiro, o primeiro do ano de 2012. O
dia começou da melhor maneira com a escola dominical e culto devocional
abençoados, mas, infelizmente, terminou da pior forma. Terminado que foi o
culto das 19 horas, fiquei trocando conversa com três irmãos na porta de igreja
e depois segui para casa. Bem perto da minha casa, fui abordado e atacado por dois homens
encapuçados que saíram não sei de onde e atiraram em cima de mim. Tomaram-me a
pasta onde levo a Bíblia que me acompanha há 21 anos e um hinário de música recordação
de D. Gloria Henck. Entreguei a pasta e implorei que não me batessem, mas de
nada serviu. Um veio com uma faca, com a qual fez várias tentativas para me
atingir mas felizmente não conseguiu e o outro me agrediu com socos e pontapés.
Após me terem batido e humilhado, empurraram-me por uma ravina abaixo. Depois
corri, apesar da dificuldade que tenho em me locomover, e fui pedir socorro a
uma casa que estava de porta aberta. Graças a Deus, não fui atingido com nenhum
golpe de faca. Foi assim que o meu domingo terminou.
Como cabo-verdiano,
amante deste país como ninguém, gostaria de viver em paz e sossego na minha
terra. Há 19 anos, prego o evangelho das boas novas porque desejo o melhor para
os meus patrícios. Sempre acreditei nas nossas Instituições e no Estado de
Direito. Hoje, 8 de Janeiro, depois do que me sucedeu, tenho muitas dúvidas. Tenho
sinceras dúvidas se este é um Estado de Direito. Um país onde há bandidos à
solta, atacando como bem entenderem, sem ninguém para pôr cobro a isto, é tudo
menos de direito.
Cabo Verde,
com muita pena, não é um país seguro. Estou magoado e frustrado. Só não saio
daqui porque não tenho para onde ir. Desejava poder dormir hoje em paz com a
minha família, mas não vou conseguir. Não será pela dor que tenho numa perna,
aquela na qual carrego uma prótese. Será pela humilhação sofrida; pelos meus
direitos violados, pelo empurrão que levei em direcção a uma ravina. Tenho
muito a dizer, mas vou parar por aqui. Para terminar este meu desabafo só quero
pedir ao governo do meu país que, por favor, garanta SEGURANÇA aos cidadãos
indefesos.
Aos meus
irmãos, peço que orem por mim.
1 comment:
Querido pastor,
Li o seu relato e fiquei estupefato com o que disse. Lamento profundamente o acontecido. Vivemos dias difíceis. Infelizmente aqui no Brasil, a coisa nao e tão diferente. Rogo ao Senhor nosso Deus que diante deste triste episódio possa fortalece- lo com sua destra fiel.
Um abraço,
Renato vargns
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