Sarkificiu di Louvor
Sarkificiu di Amor
È ki nteni pan dabu
Kada dia nha Senhor
Rei Jizus bu meresi
Nha Louvor
Rei Jizus bu merezi
Nha Amor
Nta txiga na bu dianti
Pan Ngababu,
Pan Adorabu
Pan Amabu nha Sinhor.
Pan ngababu = Para Te elogiar
“Uma atitude saudável é contagiosa mas não espere para contagiar-se através dos outros. Seja portador.” Autor Desconhecido
Há algumas semanas eu ouvi cantar no culto devocional da minha igreja, o coro em krioulo acima copiado. Saboreei a sua melodia e letra mas o que chamou a minha atenção foram as palavras “Pan ngababu, Pan adorabu, Pan Amabu nha Sinhor ”. Procurei saber quem era o autor de tão belo coro e soube que é o pastor Licínio Melo. Tive oportunidade de lhe dizer que estava de parabéns porque de facto o coro é penetrante. Consultei alguns dicionários para ver se encontrava uma definição da palavra “gabar”que me satisfizesse. Queria uma definição teológica da palavra NGABAR e como não achei atrevi-me a dar a minha própria definição.
Assim, peço licença ao pastor Licínio para aduzir aqui a minha hermenêutica exegética, apenas destas duas palavras: “PAN NGABABU”. “Ngaba…” soa bem aos ouvidos, é uma palavra doce, suave, seguramente sinónimo ou complemento de amor. Quando “ngabamos” de verdade alguém, estamos a expressar-lhe a nossa simpatia, a nossa compreensão, a nossa solidariedade; estamos a fazer feliz esse alguém. Esta palavra parece que está em desuso porque o egoísmo impera. Nos lares, nas famílias, nas amizades, no trabalho… já não se “ngaba”. Não confundamos “ngabar” com “louvaminhar”. Uma coisa é, elogiar pontualmente uma personalidade por qualquer feito (às vezes somos “quase” forçados a fazer elogios fúnebres, a fazer menção de algum mérito a alguém, sem convicção, apenas para constar (louvaminhar) e outra coisa diametralmente oposta é falar voluntariamente sempre bem de outrem porque nos dá prazer (ngabar).
Há uma morna do Eugénio Tavares que diz: ”Não há nada maior nesta vida do que o amor”. Não se pode “ngabar” sem amar mas pode-se “louvaminhar” sem amar. Atrapalhamos quase sempre quando a questão é amor. Achamos que basta ir á igreja, cantar, segurar a mão das pessoas que nos ladeiam quando isso nos é pedido, ouvir a mensagem e o assunto está arrumado. Jesus Cristo na parábola do bom samaritano retrata magistralmente essa consciência e Rchard Foster no seu livro “A Conspiração Divina” traduziu:… Todos nós precisamos, mais do que qualquer outra coisa, de amar e ser amados... precisamos ser aceites como pessoas, como pessoas integrais, para o nosso próprio bem. E é isso que faz o verdadeiro amor: Aceita as pessoas, sem estabelecer condições, exactamente como são. Dá-lhes valor. Dá sentido às suas vidas.” Mateus 5;44 – “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”.
O meu argumento exegético baseia-se no texto:
Se alguém diz: “Eu amo a Deus e aborrece o seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não ama o seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” I João 4;20.
O amor desafia-nos a ngabar. Quem é presunçoso não tem capacidade para ngabar. Só consegue “auto-ngabar”.
Ngabar é ter uma atitude positiva para com outrem. Quando eu “Ngabu” alguém, estou a incentivá-lo positivamente; provoco nesse alguém um bem-estar que o leva a ter uma atitude de reciprocidade.
“Ngabar” é reconhecer as virtudes e os esforços dos outros, do mesmo modo que gostaríamos que fizessem connosco. A falta de “Ngabu” leva á ausência de diálogo e a ausência de diálogo leva a distanciamento e o distanciamento leva á rotura.
Vamos reintroduzir no nosso vocabulário este verbo “Ngabar”, fazer bom uso dele e evidentemente tirar também proveito.
Todos nós temos algo que merece ser “ngabadu”.
Eu vou “ngabar” a nha Sinhor mas também doravante vou “ngabar-vos”.
E já comecei! Nta ngababu.
Palmarejo, 11 de Fevereiro de 2010.
Esther Spencer Lopes
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