Génesis 2; 21-23 “Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão e este adormeceu: e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher: e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne: esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada”. É na Idade Média que o mundo católico tem o seu primeiro e único (ao que consta não há registo de outro) papa mulher. O Papa João VIII era mulher e ficou conhecida como a “Papisa Joana”. Joana sucedeu ao Papa Leão IV que morreu nas Calendas de Agosto. O pontificado desta mulher durou dois anos, cinco meses e quatro dias. De origem Alemã teve que sair da sua terra natal porque não era permitido á mulher qualquer tipo de educação ou instrução; Ela saiu da Alemanha disfarçada de monge beneditino e se fez acompanhar de outro monge da mesma ordem, (que viria a ser seu amante e pai do seu único filho) rumo a Atenas, o centro do Mundo na época. Estando ali, rapidamente adquire conhecimentos que depois em Roma pô-los-ia em prática. Falava e dissertava de forma tão eloquente que deixava os filósofos, cardeais e teólogos deleitados com o seu vasto conhecimento. Foi eleita papa e só se descobriu que era uma mulher quando durante uma procissão sentiu dores de parto e foi assistida em plena rua; deu á luz um menino. Para que não se voltasse a eleger uma mulher – papa através da “Linha Legítima de Sucessão Apostólica” dos papas romanos, o Vaticano adoptou um sistema que perdurou até o pontificado de Leão X que consistia numa asseveração peculiar: Antes de qualquer candidato a papa, ser coroado, o mesmo devia sentar-se numa cadeira de mármore vermelha com um buraco no meio, para ser examinado se de facto se tratava de homem. A cadeira era conhecida como La Sella Stercoraria. Durante a cerimónia de averiguação um diácono metia a mão por baixo da cadeira e através do buraco apalpava o candidato e se fosse homem, o diácono gritava: “Habet”! As pessoas respondiam: “Deo Gratias”!
A educação Espartana era uma educação elitista. È certo que as mulheres e os homens recebiam uma educação quase igual. O objectivo dessa “igualdade de géneros” de então é que divergia. Enquanto que ao homem era-lhe exigido preparação castrense e dedicação total á Pátria, á mulher impunha-se-lhe a obrigação de cuidar e ter um corpo forte e saudável para poder gerar filhos sadios e vigorosos. Meninas e meninos a partir dos sete anos de idade frequentavam os quartéis para serem educados e preparados para o serviço da Pátria. Os meninos permaneciam nos quartéis e as meninas iam á casa dormir. Em casa recebiam da mãe, educação sexual logo que atingissem a chamada menarca (primeira menstruação).
O padrão de beleza feminina era medida pelo número de filhos que uma mulher fosse capaz de conceber e dar á luz.
A mulher da Idade Média tinha mais direitos mas havia áreas em que não lhe era permitido imiscuir-se. Ela tem travado lutas sangrentas no decorrer dos séculos para que seja reconhecida e respeitada. Foi e continua a ser vista pelo homem como um ser inferior. Criam-se anedotas aberrantes á volta do feminino, sobre a sua capacidade intelectual quando comparada com o homem, chamam-na lerda de raciocínio, dela se diz que só serve para dar prazer ao homem e procriar que o seu lugar é na cozinha…, pintores barrocos ou clássicos e rococós retrataram-na nas suas obras de diversas formas; ela é também (felizmente) tema de poemas e canções de amor. Eugénio Tavares na sua morna “Forza di Kcrecheu” dedica á mulher amada o mais belo hino.
Infelizmente ainda hoje, em pleno século XXI, em muitos países, ela continua a ser ignorada pela sociedade machista que a priva dos seus direitos como ser humano. Por causa da lei sálica que proíbe herdeiros femininos de ascender ao trono e ter direito á herança igualitária, muitas primogénitas são impedidas de reinar; noutros não lhe é permitido opinar, decidir sobre a sua vida, nem viajar sem o consentimento do marido; se sair á rua tem que usar “burka”; ela não tem qualquer ascendência e autoridade sobre os filhos; ainda noutros países ela é condenada á morte á nascença porque trazer ao mundo uma menina significa prejuízo grande para o pai.
Jesus Cristo sempre esteve em defesa magnânima das mulheres e as Suas atitudes para com elas eram pedagógicas. Deu-lhes um lugar de destaque merecido. Fazia questão de tê-las sempre por perto, ouvindo-as, animando-as, consolando-as e repreendia os homens quando as maltratava. Muitas delas eram discípulas dele e O assistiam com os seus bens no ministério. Ele foi ungido por uma mulher chamada Maria.
O apóstolo Paulo fazia-se acompanhar por Àquila e Priscila, duas mulheres destemidas que desafiaram os poderosos de então.
A Igreja do Nazareno ao longo da sua história e levando sempre em consideração que a mulher foi criada para ser coadjutora do homem para se complementarem, deu-lhe naturalmente um lugar de precedência em vários aspectos da vida eclesiástica.
Na origem da formação da Igreja do Nazareno estiveram envolvidas várias mulheres como Phoebe Palmer, Anna S. Hanscomb que se acredita ter sido a primeira mulher ordenada para o ministério.
O primeiro missionário negro, de origem cabo-verdiana, de seu nome João José Dias, orgulhava-se de ter como cooperadoras na ilha Brava, mulheres que não tinham medo do sistema político-religioso então vigorado. Ser “protestante” naqueles dias, felizmente remotos, acarretava sérios problemas.
Em Cabo-verde a primeira Escola Dominical teve início na Ilha Brava durante o ministério do Reverendo João José Dias por intermédio da leiga, senhora Adelina Domingues que embora não fosse cabo-verdiana, amou Cabo-verde como se fosse seu País; A sociedade missionária foi introduzida na Ilha Brava pela também leiga senhora Maria Azevedo.
A história já registou a vida da senhora Ambrozina Azevedo, uma mulher de pequena estatura física mas gigante quanto á coragem e fé.
Esta pequena – grande mulher perdeu até o seu emprego de professora por se ter convertido ao protestantismo mas não se deu por vencida e lutou com as armas que dispunha: Oração e acção. Para se sustentar e educar os filhos passou a fazer e vender comida. A sua história terei muito orgulho e honra em contá-la proximamente.
A instituição do dia das “ Caixas de Alabastro” foi proposta por uma mulher, a Reverenda Elizabeth Roby Vennum, em 1950, a pedido do Conselho -geral de Missões Nazarenas Internacionais. Ela inspirou-se na atitude de uma outra mulher mas nos tempos de Jesus. O Conselho – geral de Missões Nazarenas Internacionais tem como presidente uma mulher, a senhora Jennifer Brown.
A mulher também já esteve na cúpula da denominação nazarena. Um dos Superintendentes – gerais (são seis) era uma mulher, a Dra Nina Gunter.
Na última Assembleia-geral ela reformou-se e nós mulheres deixámos de estar representadas ao mais alto nível. Um retrocesso. È verdade que hoje temos mulheres pastoras, missionárias, evangelistas, líderes mas mesmo assim, falta ainda muito chão para ser percorrido.
A nossa consciência de mulher actualmente é colectiva. Temos que preservar e consolidar as conquistas realizadas e não parar de lutar para que os nossos direitos civis sejam totalmente reconhecidos e respeitados.
Como mulher cristã, mãe, chefe de família e cabo-verdiana, empenhar-me-ei para que esses direitos sejam adquiridos por todas nós. Que não haja mais mulheres espancadas pelos maridos, maltratadas, violadas e não sejam descriminadas salarialmente.
Que o 8 de Março não seja apenas uma efeméride cheia de discursos bonitos mas que a sua essência fale mais alto e tenha eco.
Palmarejo, 8 de Março de 2010.
Esther Spencer Lopes
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