Sunday, March 7, 2010

OS MISSIONÁRIOS REV. ROY E GLORIA HENCK

    "Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos “.
                            (Salmo 126:6). 
                                                                                                                          
Roy Malcolm Henck – Filho de Fred Henck e Daisy Henck, nasceu no dia 30 de Dezembro de 1930 em Baltimore – USA.  
Nascido num lar cristão cujos pais eram pastores, obreiros da seara, desde muito cedo, o futuro missionário Roy Henck sentiu que a sua vida estava projectada por Deus para ser um dos Seus chamados.

O seu pai Fred Henck era um veterano “especial” da Primeira Guerra Mundial. Tendo-se alistado e antes de embarcar para França, país para onde tinha sido destacado para prestar o serviço militar, orou e fez uma promessa. Pediu a Deus que não permitisse que da sua arma saísse um único tiro para matar fosse quem fosse; se isso acontecesse quando voltasse para o seu país são e salvo, iria dedicar a sua vida á causa do Mestre. Mal pisou o solo francês, ele e os camaradas de pelotão, adoeceram. Uma semana depois quando já estavam restabelecidos da enfermidade que os acamara e prontos para entrar no campo da batalha, o seu brigadeiro informou-lhes que teriam que voltar para casa porque a guerra tinha acabado. Deus tinha ouvido a sua oração e respondido de uma forma eficaz e surpreendente: Ele não disparou um único tiro!
Chegado aos Estados Unidos, cumpre a promessa e entra para o seminário. 
È neste ambiente cristão que Roy se desenvolve como criança, adolescente e jovem. 
CHAMADA PARA O MINISTÉRIO
Aos 16 anos de idade o adolescente Roy sentiu que o Senhor da Seara o chamava para o campo, para o ministério.
O chamamento era real! Tinha um endereço: Um País onde se falasse Português! 
No Liceu escolheu o Espanhol como língua estrangeira para estudar porque não havia professor de português.
Certo dia quando a professora de língua espanhola fez a pergunta da praxe a cada aluno porque tinha escolhido o Espanhol como língua estrangeira para estudar, um por um disse da sua justiça.
Quando chegou a vez do aluno Roy Henck a sua resposta foi no mínimo intrigante:
- Eu tenho uma chamada para pregar a Palavra de Deus num país onde se fala Português; como aqui nesta escola não se lecciona esta disciplina, escolhi o Espanhol que é a língua que se aproxima mais do Português.   
TÍTULO ACADÉMICO
Roy Henck completou o ensino secundário na Hagerstown High School em Maryland e o bacharelato pela Eastern Nazarene College em Quincy, Mass., Em Agosto de 1952 entra para o Seminário Teológico Nazareno e depois de obter a sua graduação, trabalha no Departamento de Missões Mundiais. È responsável pelo Departamento da Liga da Igreja do Nazareno.
No seminário conhece a jovem Gloria Lea Crawford e um ano mais tarde dão o “SIM, QUERO”, no distante 6 de Junho de 1953.
Durante dois anos trabalham como pastores. 
Glória Lea Crawford Henck era Filha de Orville Crawford e Freeda Crawford. O pai era condutor de camiões de longo curso e a sua mãe doméstica.
Ainda nos Estados Unidos nascem os dois primeiros filhos do casal
Kim Andrew a 21 de Janeiro de 1955 e Rex Peter a 11 de Fevereiro de 1957 
INDIGITAÇÃO: 
EU VOU
Em 1958 a Sede da Igreja do Nazareno em Kansas City chama-os para lhes fazer saber que tinham sido indigitados para fora dos Estados Unidos, como Missionários.
O Veredicto da Sede: - Vão para a África. Foram designados para Cabo Verde.
O futuro missionário Roy Henck pergunta: - Que língua se fala nesse País?
- PORTUGÊS – Respondem-lhe.
- EU VOU! – Aquiesce sem hesitar um segundo! O eu aqui, inclui a anuência da família. A sua família sabia da chamada, conhecia o destino dela.   
A FORÇA DO CHAMAMENTO
Bastou-lhe ouvir: “PORTUGUÊS”, para intuitivamente simpatizar com Cabo Verde e a sua gente, mesmo sem saber onde estava geograficamente localizado.
Começa assim o frenesim da arrumação das malas rumo a Cabo Verde, via Portugal. Na bagagem e no coração um amor imenso por Cabo-verde e pelos cabo-verdianos.
CHEGADA A PORTUGAL SETEMBRO DE 1958

EM LISBOA – PORTUGAL 

Um Encontro Especial

Era comum os missionários que vinham para Cabo Verde, permanecerem durante um ano na metrópole de então – Lisboa, afim de aprenderem o Português. Lá, conhecem a jovem estudante Manuela Chantre, hoje Dra. Manuela Chantre de Barros, esposa do Dr. Jorge de Barros.
Eis o relato feito pela Dra. Manuela Barros:
- O casal Henck que já tinha dois filhos pequenos, Kim de três anos e Rex de quase um ano, convidaram-me para uma refeição em casa deles e assim se estabeleceu o primeiro contacto entre nós do qual resultou uma boa amizade. Queriam saber tudo sobre Cabo-verde: as igrejas, o povo, os costumes, a alimentação, etc., Gostei do entusiasmo do Sr. Roy e da amabilidade serena da D. Gloria. Esta amizade perdurou no tempo e culminou na celebração da vida e exéquias do Rev. Roy no dia 21 de Setembro de 2009 em Alliance, Ohio, EUA., juntamente com os quatro filhos, Kim, Rex,   Steven e Kevin  e respectivas famílias.
- Em Lisboa, em 1958 quando lhes disse que havia um grupo de estudantes nazarenos que frequentava igrejas evangélicas diversas por não existir ainda a Igreja do Nazareno em Portugal, eles puseram de imediato a sua casa á disposição para as reuniões. Assim, todos os Domingos à tarde,  muitos de nós estudantes e muitos outros nazarenos vivendo ou visitando a capital passamos a reunir-nos em casa dos Henck. 
Sentindo falta de uma igreja nossa, pedimos ao Sr. Roy que tirasse uma fotografia do grupo que posteriormente ele enviou à Sede em Kansas City, com o pedido de ser iniciada uma igreja em Lisboa. Talvez esta iniciativa tenha sido a primeira semente lançada para o trabalho nazareno em Portugal (Outros grupos se formaram depois, mas só em 1973 o Dr. Mosteller foi enviado para iniciar oficialmente a Igreja do Nazareno em Portugal. 
CHEGADA A CABO VERDE
Setembro de 1959
São vivamente recepcionados pelos “Protestantes” e pelos Missionários que já cá estavam.
NOVA VIDA EM CABO VERDE
Ficam colocados em Mindelo – S. Vicente. Mindelo e os mindelenses marcaram os Henck. A adaptação não foi difícil porque quando Deus chama Ele capacita. Os Henck gastaram a sua vida e juventude no Serviço do Rei.
A PRIMEIRA FORMATURA DE PASTORES PARA ELES E A SEGUNDA DA HISTÓRIA DA IGREJA DO NAZARENO EM CABO VERDE.
Em Junho de 1961 assistem á segunda Formatura de pastores em Cabo-verde:

Jorge (Manuela) M. Silva Barros  

Reitor - Rev. J. Elton Wood 
Marechal - António B. Vasconcelos 

1961 - NASCIMENTO DO TERCEIRO FILHO
O primeiro sampadjudo, mindelense de gema – KEVIN JAMES CRAWFORD HENCK 
REENCONTRO DA DRA. MANUELA CHANTRE (agora) DE BARROS COM OS HENCK. 
Eis o relato da Dra. Manuela Barros: 
- Reencontramo-nos com os Henck em Cabo Verde. Trabalhamos juntos em Mindelo. Sempre admirei a simplicidade do casal, pronto a ajudar, oferendo os seus préstimos no trabalho da igreja, colaborando com qualquer projecto quando a sua ajuda era-lhes solicitada. Sendo eles missionários, o Sr. Roy fez parte da nossa primeira "orquestra" (!), que iniciamos na Juventude: havia piano, violas e violões, acordeões, todos quantos quisessem colaborar. Ele aderiu com entusiasmo e tocava o seu violino. (Podia ficar em casa a gozar da sua família em vez de se juntar a um grupo de jovens!). Quando quisemos iniciar uma classe para Casais, eles foram convidados e se prontificaram como professores.   
Estudei com eles no Seminário Nazareno; e o Sr. Henck,  como director, convidou-me para leccionar Português no Seminário.   
Eram duas naturezas diferentes que se complementavam: O Sr. Roy aberto, entusiasta, franco e sincero; A D. Gloria, afectiva também, mas serena e calma, embora excelente em tudo o que fazia. Heróis da fé, agora desfrutando a coroa junto ao Trono! 
1967 - NASCE O QUARTO FILHO, o segundo sampadjudo
       Steven Crawford Henck  
A PROFESSORA
Dona Glória era uma excelente pedagoga. Tinha amor ao ensino. Professora de profissão e vocação, era conhecida como paciente e carinhosa. 
DOENÇA
Surpreendida pela doença é obrigada a partir para os Estados Unidos porque não havia recursos para ser tratada aqui. Aquela que por duas vezes foi “corajosa” em querer e permitir que dois dos seus quatro filhos nascessem em Mindelo, num período da nossa história em que os recursos médico-hospitalar eram parcos, era agora confrontada com uma situação de doença grave. Mindelo e Cabo-verde uniram as suas vozes em oração. Aquele que os tinha separado para tão grandiosa obra, era invocado com fé para curar a Sua serva.
As notícias animadoras chegavam devagar até que um belo dia chegou “aquela” notícia que todos queríamos ouvir: D. Glória está curada e vai voltar a Cabo – verde.  
DRA. MANUELA BARROS CONTINUA A FALAR DOS HENCK
- D. Gloria ofereceu-se para dirigir a secção de crianças nas reuniões de professores, para ajudar a superintendente da E.D. Quando, finalmente, Jorge e  eu estávamos para sair para os EU, D. Gloria ofereceu-se para tomar conta do arredor que eu dirigia em Mindelo (Ela podia ficar em casa a descansar no Domingo á tarde). Passou a escrever-me para KCity, dando-me notícias do avanço do arredor que tínhamos iniciado. Ambos tinham sempre uma palavra pelo trabalho que outrem realizava, mostrando-se sempre atentos e apreciadores. 
NOS ARREDORES DE MINDELO
Levava as crianças no seu próprio carro para assistirem a Escola Dominical ao ar livre em Monte Sossego. Com o seu acordeão tocava, dirigia, cantava e leccionava. 
UMA ORAÇÃO ESPECIAL
Ela orou e pediu a Deus que lhe desse oportunidade de cuidar dos pais, coisa que não pôde fazer porque estava longe. Depois de reformada e no seu país natal viu esse sonho realizado. 
HERANÇA INESPERADA
Ainda a trabalhar em Cabo Verde, ela foi surpreendida com a notícia de que uma senhora idosa, vizinha dela quando ainda era solteira e a morar com os pais, tinha-lhe deixado uma pequena herança como reconhecimento porque sempre que ela passava perto da casa dessa vizinha perguntava-lhe se não precisava de ajuda, se estava tudo bem com ela e ajudava-a sempre que fosse necessário.  
ORGULHO EM TER DOIS FILHOS CABO-VERDIANOS
Sempre que o Rev Roy Henck e a família iam de férias para os Estados Unidos, ele fazia questão de apresentar os filhos que nasceram em Mindelo, como sendo cabo-verdianos.
Quando era convidado a pregar ele começava o seu sermão, assim: “Eu trouxe hoje dois cabo-verdianos comigo. Vou apresentá-los”.
Olhava para o Kevin e Steven e dizia-lhes: “Levantem-se”. E eles levantavam-se.
Os dois “meninos de morada” sabem jogar ao oril, um jogo nativo que muitos de nós não sabemos e nem conhecemos as suas regras. 
HORA DI BAI – 1959/1994
O culto de despedida teve lugar na Vila do Tarrafal – Ilha de Santiago aquando da Assembleia Distrital Anual. Eram pastores o Rev. Adérito e Ester Ferreira.  
O Testemunho de um filho
“O que mais me marcou da minha mãe é que ela dizia-me: - “Se não podes falar bem de uma pessoa fica calado. Não digas nada”.
Rex Henck  
O Rev.Roy Henck tinha uma grande paixão: Pregar o Evangelho. Apreciava música clássica, era um grande escultor e um afinador de piano, único. Foi missionário, evangelista, Tradutor, Reitor do Seminário, Superintendente Distrital e Director do campo.
Uma vida, toda ela dedicada a uma causa nobre, impagável. 
PROMOVIDOS Á GLÓRIA EM 6 DE OUTUBRO DE 2008 E 16 DE SETEMBRO DE 2009, RESPECTIVAMENTE.
Deixam quatro filhos, oito netos e um bisneto.  
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente, para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Rom.8;28 
Esther Spencer Lopes 

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A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.