A conversa sobre crise já cansa, e está servindo de desculpa para falta de empenhamento e
capacidade de inovar, por parte dos indíviduos,
instituições e muitos países. Uma grande parte dos homens já depôs as
armas, capitulados, pelo discurso que anestesia e imobiliza. Mas tenho por mim,
que a humanidade sempre enfrentou desafios,
e os observatórios da história, registam o quão dificil tem sido a vida dos
povos, em todas as latitudes e épocas do mundo. Noto que apesar da fiada
conversa sobre crise, algumas empresas continuam a crescer, países a florescer
e economias a estabelecer. Porque será? Num cenário idêntico, uns crescem com robustez
e vitalidade, mas outros minguam e morrem, e o pseudo motivo de morte que
lavram na certidão de óbito é a crise.
Mas fica evidente, que em períodos de aperto, deveríamos fazer mais esforços para conseguir
os resultados, que num cenário de normalidade,
seriam mais facilmente atingíveis.
A biografia de John Wesley, o jovem
pregador que mudou a história da Inglaterra, diz que durante 55 anos, Wesley levantou às quatro horas da madrugada e
que o seu primeiro sermão do dia era pregado aos mineiros às cinco horas da
manhã. A paixão por almas foi o tónico
que dinamizava Wesley a enfrentar a Inglaterra dos seus dias, com problemas
espirituais, sociais e económicos tão parecidos ou até piores do que os do
presente século.
Tem sido comum fazer batismos pela páscoa
todos os anos em Cabo Verde. Desta vez, 150
irmãos seguiram em fila indiana da propriedade do Distrito em São Francisco até
à praia da mesma localidade, para um comovente e memorável culto. Embora grande
e de se louvar pela dimensão e adesão ao evento baptismal, o desafio lançado ficou:
deviam ser 1.500 pessoas ou muitas mais, testemunhando anualmente da nova vida
em Cristo.
Uma inquietação perpasssa pelo espírito: como
estou vendo cada caboverdiano sem Cristo, mais um na estatística, ou alma pela qual Jesus Cristo morreu? Quando
se levanta os olhos, vê-se um povo
perdido, a caminho de uma eternidade sem Deus. O falecido Dr. Bruno Radi, no
seu prematuro leito de morte disse: “eu sei para onde vou, eles não sabem, ide
e dizei-lhes”. De igual forma, num poema
da sua lavra, o Rev. Mário Daniel Silva
Lima, agonizava assim: “Senhor! é
trágico não ter almas no altar|”.
Diante da complexidade da emaranhada situação humana, a crise real que
estamos a viver no campo religioso, é a falta de uma visão de Deus, capaz de
crer nas ilimitadas possibilidades da graça Divina, que nos leva à posição de disponibilidade
total e não parcial, de alcançar as muitissimas
almas do nosso povo, batizá-las e incorporá-las na vida da Igreja, o Corpo de
Cristo.
Que Deus nos dê o espirito de não poder consentir
qualquer cenário de congregaçãos morrendo em nossas mãos, minguando na assistência,
na participação, sem novos convertidos, sem novos batizados, sem novos membros,
sem crianças sendo dedicadas, sem almas procurando a Deus. Este cenário sim, seria trágico.
Sentimos que em tempos de tantos e complexos
desafios, Cabo Verde e o reino dos céus ganhariam, com uma cruzada por almas? Mat. 10:1-6
Por: Rev. David Araujo
Fonte: ELO