Anticoncepcional oral pode aumentar risco de câncer de mama.
Apesar da ligação entre o uso de anticoncepcional e o aparecimento de câncer de mama ainda ser um tema controverso, pesquisa da Unifesp analisou o tecido mamário durante a primeira semana de uso do contraceptivo em um grupo de mulheres e detectou proliferação celular até sete vezes maior que em outro grupo, que não utilizou a medicação no mesmo período.
Em sua pesquisa, Débora Garcia y Narvaiza, mastologista e autora de estudo na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), verificou que as células do tecido mamário das mulheres que fizeram uso de um mesmo anticoncepcional por um mês se multiplicaram em torno de 22%. Já entre as mulheres que não fizeram uso do hormônio (grupo controle), esse índice foi de apenas 13%.
A pesquisadora explica que quanto mais as células de um tecido se multiplicam, maiores são as chances do aparecimento do câncer. "É importante salientar que, devido ao grande número de usuárias de contraceptivos orais, mesmo um pequeno aumento do risco pode representar um número substancialmente maior de casos de câncer de mama", afirma.
De acordo com Débora, a primeira semana foi o período em que ocorreu maior proliferação celular entre as usuárias do contraceptivo oral, chegando a atingir um número sete vezes maior que entre as mulheres do grupo controle. Entretanto, nas três semanas subseqüentes não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos.
"Na prática, o resultado desse estudo ainda não indica que devamos alterar o esquema de uso do anticoncepcional oral, pois ainda precisamos analisar como o organismo reage ao seu uso, inclusive em dosagens hormonais diferentes, por um tempo mais longo e também de forma contínua", explica a pesquisadora. "Caso a proliferação celular continue caindo com o seu uso contínuo, talvez seja preciso rever os benefícios da pausa de sete dias antes de recomeçar uma nova cartela da medicação".
Doses menores
Para Afonso Celso Nazário, vice-chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp e orientador do trabalho, os dados são preocupantes, uma vez que o anticoncepcional analisado é o mais utilizado pela população de baixa renda. "Esses medicamentos mais baratos apresentam, geralmente, uma dosagem hormonal maior que os contraceptivos mais modernos e mais caros", afirma.
O estudo foi realizado com 82 mulheres que apresentavam nódulo mamário benigno com indicação cirúrgica. A biópsia dos tecidos mamários, tanto das mulheres que utilizaram contraceptivo oral quanto as do grupo controle, foram realizadas em diferentes semanas para permitir a contagem celular.
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