Sunday, December 21, 2008

Carta de Longe


Cabo Verde! Cabo Verde!
Oh, como me roubaste, roubando o coração!
Porque ausente estou, mas ele ali ficou...
Ficou nos altos montes... nos verdejantes vales...
... à beira do mar... aos pés dos doentes...
... além, no mais humilde lar...

“Há tudo ali – o mundo diz. –
...Terra da sua natividade...
... Sua família...”

Porém, como pudeste, Cabo Verde?
Como pudeste assim ficar com meu coração?
Por que lágrimas caem... caem sem cessar?
Lágrimas de tanta saudade!...
Saudade dos teus mares,
Que me iam tirando a vida;
Saudade dos teus montes,
Que feriram os meus pés;
Saudade do sol ardente,
Que me queimou...

Oh! Mas não foi por isso;
Não foi por isso que meu coração ficou!
Foi por teu povo,
Teu povo amável, sempre pronto a me ajudar.

Pensando em ti, as dores morrem:
Faltas... separação... tudo se esvai
Na lembrança dos cultos abençoados:
Dos crentes cantando louvores,
Dos testemunhos do amor de Deus,
Das ofertas sacrificiais ao Senhor!

Saudades? – Sim, saudades!
Povo meu, milhas não nos podem separar
Enquanto o amor de Deus nos une em oração!
Porem, ate ao dia em que “não há mais mar”,
Trago saudades,
Porque, para sempre,
Ficou contigo
Meu coração.

Por Lídia Wilke

“In Epístola, Vol 7, Nº 4, pág. 61, 62, Abril/1963”

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