Monday, January 9, 2012

Dia trágico para mim em Bela Vista


Para qualquer pastor, domingo é dos dias mais apetecíveis. É nesse dia que ele prega o seu melhor sermão. Comigo não foge à regra. Porém, é com muita tristeza e mágoa que vou ficar a recordar deste domingo, 8 de Janeiro, o primeiro do ano de 2012. O dia começou da melhor maneira com a escola dominical e culto devocional abençoados, mas, infelizmente, terminou da pior forma. Terminado que foi o culto das 19 horas, fiquei trocando conversa com três irmãos na porta de igreja e depois segui para casa. Bem perto da minha casa, fui abordado e atacado por dois homens encapuçados que saíram não sei de onde e atiraram em cima de mim. Tomaram-me a pasta onde levo a Bíblia que me acompanha há 21 anos e um hinário de música recordação de D. Gloria Henck. Entreguei a pasta e implorei que não me batessem, mas de nada serviu. Um veio com uma faca, com a qual fez várias tentativas para me atingir mas felizmente não conseguiu e o outro me agrediu com socos e pontapés. Após me terem batido e humilhado, empurraram-me por uma ravina abaixo. Depois corri, apesar da dificuldade que tenho em me locomover, e fui pedir socorro a uma casa que estava de porta aberta. Graças a Deus, não fui atingido com nenhum golpe de faca. Foi assim que o meu domingo terminou.
Como cabo-verdiano, amante deste país como ninguém, gostaria de viver em paz e sossego na minha terra. Há 19 anos, prego o evangelho das boas novas porque desejo o melhor para os meus patrícios. Sempre acreditei nas nossas Instituições e no Estado de Direito. Hoje, 8 de Janeiro, depois do que me sucedeu, tenho muitas dúvidas. Tenho sinceras dúvidas se este é um Estado de Direito. Um país onde há bandidos à solta, atacando como bem entenderem, sem ninguém para pôr cobro a isto, é tudo menos de direito.
Cabo Verde, com muita pena, não é um país seguro. Estou magoado e frustrado. Só não saio daqui porque não tenho para onde ir. Desejava poder dormir hoje em paz com a minha família, mas não vou conseguir. Não será pela dor que tenho numa perna, aquela na qual carrego uma prótese. Será pela humilhação sofrida; pelos meus direitos violados, pelo empurrão que levei em direcção a uma ravina. Tenho muito a dizer, mas vou parar por aqui. Para terminar este meu desabafo só quero pedir ao governo do meu país que, por favor, garanta SEGURANÇA aos cidadãos indefesos.
Aos meus irmãos, peço que orem por mim.

1 comment:

renato vargens said...

Querido pastor,

Li o seu relato e fiquei estupefato com o que disse. Lamento profundamente o acontecido. Vivemos dias difíceis. Infelizmente aqui no Brasil, a coisa nao e tão diferente. Rogo ao Senhor nosso Deus que diante deste triste episódio possa fortalece- lo com sua destra fiel.

Um abraço,

Renato vargns

A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.