Monday, May 11, 2009

Mamãe

Mamãe, mamãe
Venho fazer uma oração ao pé de ti
Tua filha vem dirigir suas súplicas a Deus,
Por ti, por e outros,
Teus filhos e filhas espalhados na superfície da terra cinzenta, mamãe.

Mamãe Ducha

Mulher rija de 13 filhos criados
Perdeu o marido, andou, mexeu, vendeu, carregou, criou sete filhos e seis filhas.
Os filhos cresceram,
Voltaram mães, pais e avôs.
Faltou forças, cachupa, seu xaile, seu lenço, sua vida de outrora.
Nos bancos da igreja
Nos bancos das reuniões da assembleia
Nos bancos de reuniões de partido politico
Nas casas familiares
Nas casas pastorais
Nas alegrias e tristezas
Nas com lamentos e guisas
Com discurso e promessas

Mamãezinha

Disseram-me que tu morreste
E foste sepultada.
O que chorei, os meus olhos que choram
A tua dor de não nos querer deixar
E não poderes.
Sinto sempre tão presente no meu coração
O teu gesto de te levantares de madrugada
Ao som monótono de pilão cochindo,
Quando rodavam as pedras do moinho
Que é desses ruídos que anunciavam
As refeições dos teus filhos e dentro da
Casinha, te víssemos de fumo subindo.

Mamãe, Mamãezinha

Bendito os teus filhos
Bendito os teus irmãos em Jesus
Bendito a tua casa
Bendito o teu povo
Bendito mil vezes bendito.
Todos choram com saudades
Da mamãe Ducha
Depois perdida no esquecimento
Foram quatro homens e um caixão d’Igreja
Mamãe Ducha
Mulher rija, morreu sorrindo
Porquê esta magoa tão húmida e quente
Que eu sinto nos olhos, ao vir
De mais fundo de meu pensamento.
Germinarão as sementes das nossas certezas
Com destino à palma da minha mão.
Nas feridas do seu parto,
No ventre da mamãe.
Mamãezinha, parece que cada estrela
É uma mão acenando com simpatia
E saudades, Mamãe.
Mamãezinha, descansa em paz.

Dedicada pelos filhos à mãe Ducha

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