Descartes, um dos pilares do pensamento filosófico ocidental disse em sua obra Discours de la méthode de 1637, com toda simplicidade, porém de modo profundo: “Pelo que me diz respeito, nunca presumi que o meu espírito fosse em nada mais perfeito que o da gente comum”.
A busca do conhecimento é, no fundo, a busca do próprio homem e da sua humanidade. Não significa, portanto, a busca da fama, do dinheiro ou do status. É enxergar a si e a todos os homens como seres humanos e o mundo como um lugar para todos. Por isso, ele não deve ser um produto de barganha. Conhecer não é um saber mais, mas um saber para.
O conhecimento ajuda a saber ouvir , a dialogar, a respeitar as palavras do outro e a ser tolerante. Ajuda a entender, por exemplo, as palavras de Voltaire em suas Lettres Philosophique publicadas em 1734: “Posso não concordar com uma só palavra do dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-la”. Mas, principalmente, ajuda também a entender que, qualquer atitude de um homem, deve ser respondida por ele mesmo no fundo da sua consciência.
Humildade e conhecimento andam juntos, não se separam. Pois, o verdadeiro humilde é aquele que sabe que não sabe, como dizia Sócrates, e busca o conhecimento. Não para ser “o melhor”, o mais “famoso”, o mais “respeitado”, o mais “importante”, mas para ser e se sentir humano, para ver e perceber os outros como humanos e como iguais, para preservar a humanidade e o mundo e, principalmente, para saber que o que deve ser cultivado é o desejo pela busca do conhecimento e não a sua posse. LEIA +
José João Neves Barbosa Vicente – josebvicente@bol.com.br
Filósofo, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Editor da GRIOT – Revista de Filosofia
No comments:
Post a Comment