Wednesday, December 26, 2007

Acidente mata 4 pessoas

Acabou em tragédia, em Leiria, a noite da consoada para um grupo de amigos oriundos do Tarrafal, Cabo Verde. O despiste do automóvel onde circulavam cinco pessoas ceifou a vida a quatro delas - dois homens e duas adolescentes - deixando ainda gravemente ferida uma rapariga de 15 anos. O sinistro ocorreu cerca das 7.30 horas, na zona do Barracão, freguesia das Colmeias, no IC2. Trata-se da via mais problemática do distrito onde, apenas este ano, quase meia centena de pessoas perderam a vida. A nível nacional, são já 15 as vítimas mortais registadas nas estradas, desde sexta-feira, dia do início da Operação Natal 2007. José Manuel Furtado Mandim, de 42 anos, residia há quatro em Leiria, na zona dos Marinheiros. Foi na sua casa que, anteontem à noite, recebeu um grupo de amigos e familiares para celebrar a consoada. "Estavam todos muito felizes e alegres", contou Marcos Silva, irmão de uma das vítimas. Já de madrugada, de acordo com alguns familiares, o grupo decidiu ir visitar uns amigos que residem próximo de Pombal. José Mandim reuniu cinco pessoas no seu automóvel - um Mitsubishi Colt, de 1993 -, entre as quais três adolescentes, de 15, 16 e 19 anos. Foi no regresso a casa que a tragédia se abateu sobre o grupo. Na descida do Barracão, no IC2, o automóvel fugiu para a berma e o condutor não terá conseguido controlá-lo. O carro entrou na faixa de rodagem contrária, acabando por embater lateralmente numa árvore da beira da estrada. "A violência do embate foi tal que o veículo deu a volta, sempre encaixado na árvore", contou fonte da Brigada de Trânsito da GNR, sublinhando que se desconhece as causas do acidente, que está agora a ser investigado. O condutor e o passageiro da frente, José Semedo Gomes, de 38 anos, terão morrido de imediato. No banco traseiro, sobreviveu apenas Ana Carolene Dias, de 15 anos. Devido à gravidade dos ferimentos, a menor, transportada ao Hospital de Leiria, acabou por ser transferida para o Hospital dos Covões, em Coimbra. A jovem sofreu um traumatismo craniano e outro no tórax, uma fractura num membro inferior e uma ferida "bastante complexa" no pavilhão auricular, disse o director do serviço de Urgências, José Manuel Almeida, afirmando-se, contudo, "francamente optimista" quanto à evolução do estado de saúde da paciente.As outras duas passageiras, Edna Odete Lopes Fernandes, de 19 anos, e Ineida Marisa Gomes Garcia, de 16 anos, residentes em Lisboa e que se deslocaram a Leiria para celebrar o Natal, faleceram no local do acidente. Gritos de dorEra de pesar o ambiente, ontem, na zona do Planalto. Ali reside a família de José Semedo Gomes, que deixa dois filhos menores. E ali vivem também os familiares de José Mandim e um grupo de amigos, todos de Cabo Verde. Com as lágrimas a correr pelas faces e os gritos a ecoarem pelo prédio, os habitantes iam manifestando a sua dor. À medida que outros familiares chegavam, sucediam-se os abraços e as palavras de conforto. Apesar de nem todos estarem unidos pelos laços do sangue, estão-no pela pátria. "Somos todos irmãos, porque somos todos de Cabo Verde", explicou Marcos Silva, sublinhando que é essa ligação que celebram em quadras festivas, como o Natal.

Famílias apreensivas com custo dos funerais


As quatro vítimas do acidente de ontem, no IC2, são oriundas de Cabo Verde. Em comum, as famílias têm o desejo de os poder sepultar na sua terra natal. Mas partilham também as grandes dificuldades financeiras que os impedem de concretizar esse sonho. "Gostava que o meu sobrinho pudesse ser sepultado na sua terra. Mas já vai ser difícil conseguir dinheiro para o funeral cá", conta, entre lágrimas, Madalena Fernandes, tia do condutor do automóvel que se despistou. "Ele não tinha grandes possibilidades e nós também não", frisa. Marcos Silva, irmão de outra das vítimas partilha a mesma apreensão. "O meu irmão deixa dois filhos ainda pequenos. Sempre viveram com dificuldades. O ordenado era pouquinho e agora vai ser ainda mais difícil", afirma, sublinhando que a família ainda está a fazer contas à vida para fazer face ao enterro. "Já só queremos conseguir fazer um funeral digno aqui", explica. As cerimónias fúnebres deverão realizar-se amanhã.


(in Jornal de Noticias)

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