Celebramos a 31 de Outubro, dia da Reforma, aqueles que desafiaram a tirania religiosa com o risco – e, por vezes, à custa – de seus bens e vidas.
A Reforma revela uma crise de autoridade. A maioria dos conflitos dá-se no seio da igreja. Na base da questão estava uma pergunta: “Quem é o chefe?” Em certo sentido, todos os envolvidos no assunto concordam que Cristo governa a igreja. Ele é sua cabeça. Por isso, a pergunta mais precisa seria: “Como está Cristo na chefia?” Como exerce Ele a Sua autoridade?
Nos primórdios do cristianismo não havia contendas sobre este assunto. Cristo governava a igreja por intermédio dos seus apóstolos. Com o desaparecimento destes, a questão tornou-se mais aguda. No tempo de Martinho Lutero, foram dadas à pergunta anterior duas respostas conflituosas: As Sagradas Escrituras e a hierarquia da igreja. A tradição católica optou por localizar a autoridade da igreja no papa, tido como o sucessor de Pedro para o bispado de Roma e vigário de Cristo na terra.
Os reformadores negaram tal posição. A igreja, incluindo o papado, não podia exercer legalmente a autoridade sobre nem mesmo com as Sagradas Escrituras. A igreja, suas funções, doutrinas e práticas estavam sob as Sagradas Escrituras. Estas eram o depósito da fé e testemunho apostólicos. Cristo falava à igreja através da Bíblia.
Certamente, as Sagradas Escrituras tinham de ser interpretadas, atribuição do ministério docente da igreja. Mas conferir infabilidade às decisões desse magistério era colocar a palavra de Cristo sob o juízo de Cristo. A palavra dos homens é que devem ser postas sob o juízo de Cristo.
Por isso, entrou-se numa luta feroz e sangrenta. Para os defensores da Reforma, a resposta era firme. Cristo exerce a Sua autoridade suprema através das Sagradas Escrituras. A Palavra de Deus é livre, mas a igreja acha-se ligada a Cristo como seu Senhor e às Sagradas Escrituras como o instrumento do Seu domínio.
Infalível é a Sagrada Escritura, não a igreja. Isto mantém as portas abertas para reformas, sempre que as doutrinas e as praticas se mostrarem incongruentes com a Bíblia, a Palavra de Deus.
W. E. McCUMBER
Fonte: Caminho da Verdade, Vol. XVI, D89, Nº61, Pag. 95
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