Thursday, November 19, 2009

A agressão da cruz



O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung dizia que a cruz nos agride. Sendo filho de pastor protestante, mesmo não praticante da fé dos pais, sabia o que estava dizendo. A cruz é a confrontação daquilo que somos. Sendo ela um instrumento de execução, portanto, de morte, ela nos acusa no seu silêncio. Vazia, ela nos faz lembrar que Alguém nela executado, tomou o nosso lugar. Éramos nós que deveríamos estar ali e não Aquele que nela esteve. A teologia paulina, a mais esclarecedora do mistério da cruz nos ensina o porquê dela.

Na carta aos Romanos, Paulo afirma que todos somos pecadores e, portanto, destituídos da graça de Deus. O pecado havia nos separado de Deus. Sua santidade não podia conviver com nossa transgressão, assim, estamos afastados da presença de Deus.
Em meio a esta afirmação vem outra do mesmo apóstolo, que dizia que Aquele que não conheceu pecado, se fez pecado por nós, deixando-se encravar no madeiro.
A justiça divina satisfeita por Aquele que nos substitui na cruz é o grande marco do cristianismo. O Cordeiro Santo, sem mácula, deixa-se levar ao madeiro e se torna nossa Justiça. Justificados, pois mediante a fé, temos paz com Deus, mediante Jesus Cristo, o Senhor, escreve Paulo aos Romanos.
Sim, a cruz nos agride. Nós não gostamos dela. Ela fala de quem somos e do preço que foi pago sobre ela.
Quando lemos que a cruz foi legalmente proibida de ser exposta nos lugares públicos de Roma, Itália, ficamos como que abismados, pois foi de lá que se propagaram as “cruzadas” para conquistar o mundo sob a égide: “com este sinal venceremos...” Da cidade mais religiosa, supostamente, do planeta, levanta-se o “escândalo da cruz...” Que contradição!
Ao mesmo tempo a cruz não pode estar no meio dos hipócritas, de congressos desmoralizados, em tribunais injustos, tendo-a exposta na parede tão somente como mero símbolo.
A cruz sempre será erguida. Sempre haverá, em todas as gerações, pessoas fiéis à sua mensagem, que proclamarão seu genuíno significado. Ela será sempre “loucura para os que se perdem, mas símbolo da vitória para os que crêem”.
A correta teologia bíblica da cruz no-la apresenta vazia. Um símbolo. Um brado de votória. Não há corpo sobre ela. O Vitorioso por ela passou, usou-a como ponte para salvar o homem. Venceu a morte e ressuscitou. Ela está vazia... Por isso ela nos fala e nos agride. Ele está vivo!

Pr. Aguiar

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