Thursday, November 19, 2009

Para recordar


No tempo do conhecido mapa de pesos e medidas na parede, os jovens trocam presentes à volta de uma mesa recheada. Um aniversário, uma data qualquer ou dia de alguma coisa era pretexto para um sarau onde nunca poderiam faltar as brincadeiras e o tradicional pipocas.

Ainda temos os nossos saraus mas não como antigamente. Por razões que não sabemos explicar, esta boa tradição tende a desaparecer. Precisamos resgatar algumas das nossas tradições, mesmo sabendo que não são essenciais, o certo é que elas fazem parte da nossa idiossincrasia.
Uma outra boa tradição que já está a se esfumar é a comunhão à porta da igreja, depois dos cultos. Quem não se lembra desse tempo memorável em que ninguém arredava pé. Era ali, à porta da igreja, que horas a fio a conversa era posta em dia. Os rapazes oportunistas aproveitavam para tirar a sua casquinha, piscando o olho às moças, mas sempre com os pais ali por perto, fingindo que não estavam a dar conta dessas investidas. A inocência e a esperteza, numa mistura salutar, reinavam sem que nenhuma palha se quebrasse. Se por alguns instante houver um curto-circuito com o consequente apagão, era ouro sobre azul. Aí sim, os mais arrojados roubavam alguns beijinhos às namoradas. Na altura, um jovem desesperado por não ter podido se aproximar da sua namorada há largos dias, orou, pedindo um curto-circuito. Devido à precariedade da electricidade na época, o apagão um dia ou outro não era nenhum milagre. Mas, por coincidência ou não, quando o dito jovem terminou de orar, deu-se o desejado curto-circuito. Agradecido, desabafou: “Deus é realmente bom”.
Essas coisinhas do tempo de canequinha que parecem não valer muito, ajudaram muitos a se destravarem para uma boa e santa comunhão.
Hoje, tudo é feito às pressas. Alguém observou que há pressa até a cantar. Tudo com hora para começar e para terminar. A programação exacerbada está a dar cabo da nossa comunhão. Quando é chegada a hora, corta-se, seja lá o que for.
E porque já chegou a hora, tenho mesmo que cortar. Fazer o quê?

PS: Para melhor resolução da foto, favor clicar em cima.

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A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.