O uso da palavra cultura a torto e a direito, em todos os lugares e contextos, e a respeito de qualquer coisa, significa que o seu sentido original desapareceu ou está em vias de desaparecimento. Hoje se entende que tudo é cultura ou fator de cultura.
Ao longo do século XIX, com o “desenvolvimento da produção econômico” e do “culturalismo sociológico”, o termo francês civilização, que na sua essência, exprimia a civilidade dos costumes das pessoas da Corte e os progressos das Luzes, foi substituído pelo termo alemão Kultur, de conotação coletiva e social. Desde de Tylor (em 1871) até a escola culturalista americana (com Ruth Benedict, Ralph Linton e Margaret Mead), o que se viu foi uma tentativa para acostumar as pessoas com a idéia de uma cultura modelo que, numa determinada sociedade, é capaz de produzir tanto as crenças religiosas quanto os conhecimentos científicos, tanto a arte quanto o direito, tanto a moral quanto a técnica configurando assim, o comportamento humano no seu meio social. Hoje a cultura se confunde com o modelo de existência da sociedade. Ela é entendida, também, como o espelho que a representação social dá de si mesma.
Ora, na sua origem, no entanto, o sentido da cultura não tem nada a ver com a determinação social ou com sua teorização sociológica. Nenhum termo grego ou latino corresponde ao que hoje chamamos com esse nome. O termo grego, paideia, por exemplo, que para mim é limitado, refere-se à formação e à educação da criança até a idade adulta. Quanto ao latim cultura, saído do verbo colere, na origem possui unicamente o sentido de agricultura. O homem cultivado é aquele que sabe cuidar de sua alma como se lhe prestasse culto, de modo a habitar o mundo à maneira de um ser humano e não de um animal. A cultura é assim, na origem, o culto da alma e não está de forma alguma ligada à produção de objetos e nem ligada à criação de obras de arte. Não se trata de fabricar um objeto exterior a si, segundo o modelo do artesão, mais de cuidar da alma como se cuida do campo, segundo o modelo do agricultor. (clique no titulo para ler mais...)
José João Neves B. Vicente- josebvicente@bol.com.br
Filósofo, pesquisador, professor da Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba (FACER), do Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz (IFTSC) e Editor da Revista Facer.
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