Friday, June 13, 2008

As igrejas e a pedofilia

Pedofilia tem sido assunto quase constante, ultimamente, na mídia.
Na semana passada, a notícia chocante foi a prisão de um Procurador Geral de Justiça de um Estado, acusado de explorar sexualmente menores, em sua própria residência.
O crime em si é hediondo e, no caso, a aberração é ainda maior, quando envolve autoridade pública incumbida, exatamente, de atuar contra os crimes em geral.
Não são menos aterradoras as notícia a respeito do envolvimento de sacerdotes em casos de pedofilia.
Em um mesmo dia, o site “O Globo online” divulgou: - “Padre condenado por crime sexual contra menores” e- “Ex-pastor preso por pedofilia denuncia colegas”. No primeiro caso, no Estado do Maranhão o padre foi condenado a 24 anos de prisão, pela prática de crimes sexuais contra seis menores. O sacerdote católico foi flagrado pela polícia com os menores, em meio a uma orgia, em um motel.
O ex-pastor, no segundo caso, em depoimento na Justiça, acusou dois colegas, também pastores da Igreja Universal do Reino de Deus de, além de serem também pedófilos, estarem envolvidos no assassinato de um adolescente, que havia flagrado aqueles ministros religiosos mantendo relações sexuais. O menor, além de abusado sexualmente, foi queimado vivo.
Nos casos do padre e dos pastores, há a conotação horripilante de, na maioria dos casos, terem sido os crimes praticados no interior de igrejas, no escuro das sacristias. Além disso, habitualmente, os menores são levados pelas próprias famílias a freqüentar os templos, imbuídas de boa fé, ante as demonstrações de vocações para o sacerdócio.
O que impressiona é que as estatísticas indicam que vem crescendo os casos de pedofilia envolvendo ministros religiosos, principalmente da Igreja Católica e das Igrejas evangélicas. No caso dos sacerdotes católicos, alguns atribuem a prática do crime à exigência de celibato. Mas, quanto aos pastores evangélicos, que não mantém voto de castidade, podem e geralmente se casam, qual seria a explicação? Lembro-me que, há alguns anos, quando estouraram os escândalos envolvendo dezenas de padres, aqui nos Estados Unidos, cheguei a comentar que no Brasil não eram comuns os casos de sacerdotes acusados de pedofilia. O mais conhecido, notadamente no interior, eram os casos de envolvimento amoroso de padres com mulheres, não sendo incomum a existência de renegados “filhos de padres”, mantidos um tanto segregados.
O mais grave, na moda atual de padres pedófilos, é a conivência de seus superiores. Há menos de uma década, um grupo de repórteres do jornal “The Boston Globe” investigou e denunciou as dezenas de casos de padres pedófilos na arquidiocese de Boston. A partir daí, como rastilho de pólvora, surgiram muitos outros casos semelhantes no país inteiro. O que surpreendeu a sociedade, foi a revelação de que, habitualmente, os superiores hierárquicos dos padres pedófilos os protegiam. Tornou-se habitual o intercâmbio entre dioceses. Era comum o escambo: “vai um padre pedófilo pra lá e vem outro pra cá”, como diz a anedota.
O caso mais grave ocorreu aqui em Boston, quando foi revelado o comportamento do cardeal arcebispo, compactuando com a pedofilia, que conhecia e acompanhava há muitos anos. Ameaçado de intimação para depor em Juízo, onde poderia ser preso, indiciado criminalmente diante da conivência, o ilustre Cardeal foi às pressas removido para o Vaticano, onde vive atualmente, promovido que foi à chefia de um organismo da Igreja Católica. Nunca mais pôs os pés na Arquidiocese que comandou durante muitos anos.
O resultado de tudo isso é a enxurrada de acordos milionários feitos pela Igreja com as vítimas da pedofilia, para mantê-los de boca fechada. Falidas algumas dioceses, como é o caso da de Boston, muitos imóveis têm sido vendidos às pressas, para amealhar os fundos necessários ao pagamento das indenizações. Aqui, além do faustuoso palácio episcopal, posto à venda, até igrejas foram desativadas e fechadas, para que os respectivos prédios fossem vendidos. Tudo isso apesar das resistências de fiéis, que inclusive recorreram ao Vaticano e perderam. É de estranhar que dirigentes da Santa Madre Igreja e católicos fanáticos, tenham a ousadia de fazer ameaças e pressões quando se faz alguma crítica quanto ao comportamento adotado. E, o pior, a maior petulância e atrevimento é afirmar que a Igreja Católica é uma entidade secular, que merece respeito, diante dos “benefícios” que tem prestado à humanidade. É, sem dúvida, uma veleidade, diante da história pregressa (e, aí sim, secular) que inclui desde o envolvimento nas orgias no Vaticano na era dos Borgias, à frente o Papa Alexandre VI e seus filhos, passando pelas carnificinas da “Santa” Inquisição e seguida pela neutralidade criminosa do período nazista. Diante de tudo isso, ilustrada a história com os feitos antigos e atuais, o que diferencia a Santa Madre Igreja Católica de quaisquer seitas ou cultos religiosos, ou a torna mais respeitável do que as igrejas evangélicas, os terreiros de candomblé e macumba, ou os centros espíritas?
Fonte: Última Instância

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