Wednesday, June 25, 2008

Retiro de casais da Igreja do Nazareno da Achada de S. António (Clique aqui)

Tornou-se moda fazer balanços positivos. Nunca os balanços são negativos, já repararam? Mas eu seria de uma enorme desonestidade intelectual e um ingrato sem tamanho se eu não dissesse que o retiro de casais da INASA foi mais do que positivo, foi excepcional, foi tremendo e como sói dizer-se, superou, claramente as nossas expectativas. Houve quem dissesse ter sido o melhor até agora realizado. Eu não creio, até porque “o melhor”, o “mais” são sempre subjectivos e dependem sempre do padrão de comparação. Foi bom? Foi óptimo? Não, foi “bóptimo”, como dizia Jô Soares!
Em virtude deste ano todos os feriados e tolerâncias de ponto terem, coincidentemente, caído em quintas-feiras, domingos ou dias parecidos (que não permitem pontes com fins de semana), tivemos que procurar um local que fosse perto da Cidade da Praia, que nos permitisse não perder muito tempo em viagens. Depois de alguma pesquisa, acabámos por escolher o sempre encantador e único Vale de S. Francisco. Não, não foi no nosso acampamento (ainda não foi desta), mas nas instalações da King Fisher, empreendimento alemão muito bonito, embora tivéssemos que carregar tudo, desde gasóleo para o motor, colchões para dormir, carvão para o churrasco (em Santiago quando falamos de churrasco, não queremos dizer “tchota”, é galinha mesmo), todo o género de utensílios domésticos, pratos, copos, além de contratar um camião com 10 toneladas de água para o nosso banho etc., etc.
Confesso-vos que estava com algum receio que os “retirantes” não gostassem do tempo que iriam passar, devido ao desconforto de irem dormir em cima de colchões no chão e de os casais desta vez terem de dormir em casas separadas: homens de um lado, mulheres de outro. Qual o meu espanto, isso serviu para apimentar mais o convívio, embora aqueles que têm o sono leve como eu, tivessem que aturar, à noite, uma sinfonia de roncos que faziam inveja a qualquer orquestra filarmónica. Não me restou outra opção que arrastar o meu colchão para outras paragens mais silenciosas, como forma de gozar alguns minutos de sono. Meu Deus, como foi maravilhoso o retiro. OBRIGADO!
Chegados a S. Francisco, depois das 8 da noite de sexta-feira, dia 20, e depois de todos divididos pelas casas, cada uma mais bela que a outra, todos deram uma mão de ajuda na preparação da sopa de rolom, com muito xerém e atum, seguida de sandes e frutas. No sábado de manhã, depois de um pequeno-almoço que não perde em nada ao que é servido em nossos hotéis, fomos assistir à primeira palestra, magistralmente proferida pelo Geordano Custódio, psicólogo e proprietário da Praia FM. Ele emocionou-se ao lembrar que tudo o que ele é hoje, o deve à forma como a Igreja do Nazareno formatou o carácter dele, embora ele tenha reconhecido a afastamento dele da Igreja. Falou-nos dos sintomas de crise no casamento e deixou-nos conselhos eficazes, tais como o de verbalizarmos sempre o nosso sentir, face ao nosso parceiro e aos nossos filhos, para que eles nunca tenham mensagens erradas, por omissão nossa. Este balanço poderia ser dedicado somente à palestra por ele dirigida, dada a imensidão de aspectos interessantes dela dimanadas. Só para terem uma ideia, a palestra que deveria ser de 1 hora, demorou 2 horas e meia e ninguém queria arredar pé do local. Como sempre, os casais inundaram
O palestrante com perguntas!
Não quisemos sobrecarregar os casais com programas mil, mas foi nosso intento permitir mais actividades lúdicas e mais tempo livre com praia, sol e mar, sem descurar debate de temas livres. Depois de uma gostosa cachupa feita na lenha, no Sábado à tarde, dividimos os homens para um lado e as mulheres por outro, cada grupo escolhendo um tema que depois seria partilhado em plenário. Os homens escolheram “As dificuldades da compreensão mútua” e entre nós pusemos a nú tudo quanto nos impedem de ser mais transparentes e claros com nossas esposas e “declarámos guerra” a algumas falhas delas nesse domínio. Uma das falhas que deu brado depois em plenário foi a constatação feita pelos homens que as mulheres são difíceis de ser compreendidas por estarem sempre a renovar o seu sistema de exigências. E esta, hein? É claro que tivemos de ouvir a reacção delas em sentido contrário, mas depois, num espírito de paz e de harmonia, chegámos todos à conclusão de haver uma necessidade permanente de compreensão mútua, na aceitação pela diferença e na procura da satisfação plena! O tema das mulheres não trouxe qualquer polémica, pois é uma constatação que precisamos de ter tempo de qualidade, na nossa relação com o nosso cônjuge, e com os nossos filhos.
Domingo foi tempo de louvor e adoração e de uma conversa informal com o Pastor David Araújo sobre os fundamentos de um lar feliz. O Espírito Santo desceu de forma incrível naquele lugar e algumas pessoas testificaram das dificuldades que vêm enfrentando no matrimónio e prometeram tudo ir fazer para fortalecer o mesmo. As lágrimas desceram naquele lugar e houve muito quebrantamento.
O retiro foi farto, pois os nazarenos da Achada de S. António têm olhos gordos. Havia tanta comida que tivemos de inventar refeições para dar saída a tanto bolo, tanta salada, tanto cuscuz, a tanto frango, e até o peixe que levámos, trouxemos de volta, enfim a dispensa esteve abastecida. Certamente, muitos vão ter de redobrar nos exercícios físicos, nas semanas seguintes. Ainda trouxemos material comestível que daria para um mini-retiro. Deus ofereceu-nos, deveras, um tempo excepcional. No último dia, ninguém queria vir embora! Até para o ano!
João Gomes
Nota: Clique no título para ver muitas fotos do retiro

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