Wednesday, June 27, 2007

CHOREI NO CEMITERIO

Ontem à tarde, (26) fiz um funeral. Era de um senhor de 68 anos de idade cuja a família é crente. Foi a partir da Igreja do Nazareno no Plateau, onde preguei, depois para o Cemitério. Tudo normal. Um funeral como todos os outros.
Só que à noite, esta noite, sonhei com cemitério. Para quem já esteve perto da morte, como eu, cemitério não lhe causa repulsa. Também não sinto medo de cemitério. Mas vim de lá com o coração apertado.
Por incrível que pareça, gosto de visitar cemitérios. Mas ontem, ontem não me caiu bem. É que, tirei um tempo, como sempre faço quando entro num cemitério, para visitar as sepulturas, ver as inscrições, enfim curiosidades. Mas ontem, ao visitar as sepulturas, deparei com fotografias de pessoas amigas, com as quais, variadíssimas vezes cruzávamos na rua, falávamos de futebol e não as tenho visto ultimamente, mas não passou pela minha cabeça, nem ouvi noticias, que tivessem morrido. Pois, estão lá, morreram e eu não dei conta. Terrível! Como é possível que nossos amigos estejam a morrer e não sabemos. É duro demais.
Prometi voltar ao cemitério, mais bem concentrado, para completar a visita às sepulturas.
Ontem à noite, sonhei com os meus amigos. Estávamos a falar os assuntos de sempre. Acordei e lembrei que o sonho terá sido por causa das fotografias que eu vi no cemitério. A minha maior tristeza, hoje, agora que estou a escrever este texto, é porque, com estes meus amigos que já morreram, a bem pouco tempo falávamos de tudo, e eu nunca os falei do evangelho, com aquela desculpa de sempre: estou a preparar o terreno. Passámos horas e horas a falar de futebol, de politica, de Electra, dos preços altos, enfim… menos do evangelho. E eles morreram. E agora?
Tenho de refletir sobre a minha postura em ralação aos meus amigos.
Um outro quadro que me partiu o coração foi ter visto um pai a chorar seu filho.
A urna desta criança estava paralela à do senhor que eu fui fazer o funeral. E o pai chorava. Eu aproveitei para dar um abraço e desejar-lhe consolo. Mas quando cheguei perto e o abracei, ele começou a falar do seu filho, a lamentar a perda, eu tentei resistir mas não consegui. Chorei também. Eu estava de fato e gravata. Muitas pessoas ficaram surpresas quando me viram com lágrimas nos olhos, um pastor a chorar no cemitério. Confesso que fiquei um pouco comprometido.
Eu não sei se um pastor deve ou não deve chorar. Mas eu, em ocasiões dessas e não é a primeira vez, não aguento.
Esta manhã, na minha oração e com lágrimas nos olhos, pedi perdão a Deus por não ter sido responsável em relação aos meus amigos. Prometi rever-me.

No comments:

A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.