Thursday, March 27, 2008

Coluna do Dr. João Gomes

«Amigo é aquele que te conhece e mesmo assim te ama» - anónimo
Alguém muito sabiamente disse que Jesus estabeleceu SUA IGREJA como um lugar onde, além de nos tornarmos AMIGOS DELE, pudéssemos também desenvolver sólidas amizades uns com os outros. Eu acredito nisso e tenho a certeza que nada alegra mais o coração do nosso Salvador do que saber da existência de verdadeiras amizades dentro da Igreja. Mas sejamos claros, uma coisa é o nosso desejo, outra bem diferente é realidade.
A minha experiência me tem dito (e espero não chocar ninguém com a afirmação que vou proferir), que bastas vezes o verdadeiro amigo se encontra mais fora do que dentro da igreja. A forma como cada um se vê, espiritualmente falando, a consideração que cada qual tem de si próprio no convívio dos crentes, e o padrão (pontos de vista pessoais) que cada qual usa para aferir a condição espiritual do outro, têm sido escolhos nada cristãos no estabelecimento de boas e genuínas amizades. Aquilo que pregamos, muitas vezes é vivenciado mais por aqueles que condenamos por «estarem no mundo» do que por nós, os outros!
Quantos de nós não tem amigos fora da igreja que, em nome da amizade, não fariam tudo por nós?! Pessoas que, praticando o «verdadeiro amor ao próximo», despiriam a única veste que possuem, para vestir nosso corpo nu; que nos defenderiam, em nome da amizade, contra marés da injúria e da difamação porque mexer connosco é mexer com eles; que, não obstante não compartilharem da nossa fé, seriam capazes de mover mundos e fundos para satisfazer uma necessidade nossa. Eu tenho a sorte de ter amigos assim, fora da Igreja. E eu sei que eles sabem que sou amigo deles também, na mesma dimensão!
Entretanto, tenho a sorte (sou duplamente sortudo) de ter também bons e sólidos amigos na Igreja de Cristo. Pessoas que apesar de me conhecerem, este João falho, com muitos defeitos e poucas qualidades, mesmo assim, me amam! Nem vou apontar nomes, para não deixar ninguém de fora. Na verdade, o alerta que fiz no segundo parágrafo deste artigo vai no sentido de tirarmos, de uma vez por todas, esses escolhos do nosso convívio, como forma de alegrarmos mais o coração do Mestre.
Em Provérbios 17:17 lemos: «Em todo o tempo ama o amigo…» e em I Tessalonicenses está escrito: «…edificai-vos uns aos outros» e em João 15:17 Jesus deu-nos o comando seguinte: «Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros». Mas não se pode construir e manter tal tipo de amizade quando sem motivo aparente ou por razões infantis, pessoas deixam de se falar por coisas de somenos importância; quando os mais “espiritualistas” no interior do templo são os mais antipáticos no exterior, fingindo não conhecer os irmãos em encontros seculares; quando a mão levantada durante o louvor em aparente fervor é a mesma mão que fica tímida para não dar um aperto de mãos aos outros; quando se deixa de participar nas actividades da igreja, pelo simples facto de não ter sido votado para qualquer cargo dentro da igreja ou porque uma ou outra sugestão dada, não foi, sufragada pela liderança local.
Eu gosto do significado de “edificar” que encontrei no Dicionário da Porto Editora. Além de construir e de fundar também aparece “induzir ao bem e à virtude”. É disso que precisamos – ver os outros como portadores do bem e juntos construirmos a virtude. Não é fácil sermos sempre um porto de abrigo quando os nossos amigos de nós precisam. Podemos ficar distraídos com nossas agendas pessoais e horários e nem sempre estarmos disponíveis. Podemos nos tornar imprudentes e egoístas ou ficar com nossos sentimentos feridos, sendo que qualquer uma dessas situações nos pode impedir de amar o outro, ou ser a espécie de amigos que Deus quer que sejamos. Mas não é impossível! Basta olharmos mais, sempre mais, cada vez mais, para Jesus. Ele é o amigo que nunca falha, que tem para connosco um amor teimoso, como cantou Kathy Trocolly. Tu O conheces como amigo? Já o aceitaste, VERDADEIRAMENTE, na tua vida? Então, é altura de transportares essa experiência para a tua relação com os outros, dentro e fora da igreja.
JOÃO GOMES

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