A partir desse título retirado da experiência comum, vou refletir sobre o amor. Uma palavra usada com facilidade e, no entanto, raramente compreendida.O amor representava para os gregos antigos, uma força universal capaz de manter unidos os elementos diferentes do mundo, de superar diferenças e conflitos e de dar ao mundo a unidade e a harmonia que garantiam a sua beleza e vida. O cristianismo viu no amor o laço que torna a humanidade uma única família, relacionando-a com o Pai Celestial, que é Deus. Essas idéias visavam, exclusivamente, reconhecer no amor o caráter de durabilidade, de eternidade, da superação das diferenças individuais e sua fusão num amálgama estável e definitivo, que distingue o amor das relações eróticas mutáveis ou passageiras, bem como dos caprichos ocasionais, das empolgações românticas do sentimento ou desejo. Assim, o mor não deve ser entendido como o vagabundear da emoção e da sexualidade, mas a chegada segura e definitiva. Dizer a alguém “alegra-me a idéia de que você existe” é, na sua essência, declarar-lhe seu amor. Mas normalmente as pessoas são felizes com a idéia de possuir o outro (e nesse caso não é o outro que elas amam, mas sim a posse dele), ou de serem amados por ele (e nesse caso não é ele que elas amam, mas sim seu amor), e é o que se chama paixão, sempre egoísta, sempre narcísica, e fadada unicamente ao fracasso: não se pode possuir ninguém.
Algumas pessoas afirmam que o amor significa a fusão íntima e total de dois seres humanos diversos. Ora, essa tentativa é, essencialmente, uma negação da realidade da pessoa e sua exigência de autonomia. O amor assim significa o seu próprio fracasso. Pois, cada um dos parceiros quer ser tudo para o outro, o que significa reduzi-lo a nada. É necessário ter em mente sempre a idéia de que amor entre humanos, na sua essência, não é uma unidade, mas uma união: a união entre dois seres diversos que livremente decidem compartilhar o mesmo destino, cuidar-se mutuamente, viver no calor de uma atração recíproca permanente e de um afeto terno e sincero sem vacilações. E é bom lembrar, numa união desse tipo, não há nada de automático, fatal e infalível. Mas sim, um equilíbrio que se pode alcançar, manter e corrigir com o passar do tempo e mudanças das ocorrências da vida, que não poupam a ninguém. Nas ocorrências da vida, podem surgir dúvidas, incompreensões ou mesmo conflitos face a diferenças das aspirações, dos gostos, bem como juízos que caracterizam inevitavelmente todos os seres humanos. Quero dizer que todas estas circunstâncias são provas pelas quais todo o amor deve passar e que pode vencer se é um amor. (clique no titulo para ler mais...)
José João Neves B. Vicente.
Filósofo, pesquisador, professor da Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba (FACER), do Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz (IFTSC) e Editor da Revista Facer. E-mail: josebvicente@bol.com.br
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