Existem diferentes tipos de pessoas, assim como essas mesmas pessoas enxergam, o mesmo objecto, de formas distintas. Sabia que nós vemos aquilo que determinarmos ver?
Certa vez, uma senhora, fazendo os seus deveres domésticos, avistou, através da sua janela de vidro, uma vizinha lavando e secando diligentemente as suas roupas. Imediatamente, chamou o marido dela para mostrar a cena. Ela disse para ele: essa nossa “amiga” não se envergonha de pendurar essas vestes sujas e mal passadas, credo! Ela não passa de uma “…L…”, deixou soltar um palavrão. Saindo à rua, foi de perto desvendar essa “pouca-vergonha”. Para o seu espanto, constatou que as roupas da sua vizinha estavam tão nítidas e perfumadas, de teor inimaginável. Voltou para dentro e “caiu a ficha”, por fim decifrou o mistério – a pouca-vergonha – o vidro da sua janela estava encardida...
Nós somos guiados por paradigma, que segundo James C. Hunter (2004:42) são simplesmente padrões psicológicos, modelos ou mapas que utilizamos para navegar na vida, que, na minha modesta opinião, são muitas vezes incertos e erróneos e que, consequentemente, nos leva a trilhar por itinerário muitas vezes incerto e desconhecido e a tirar ilações irreflectidas e desfasadas do real acontecimento. Na interpretação de qualquer conteúdo estão impregnadas, consciente ou inconsciente, as nossas impressões, não obstante a mensagem que o emissor almeja transmitir, facto este, que enriquece ou estorva o fluxo informativo.
Não sou especialista em oftalmologia, nem tão pouco noutra área medicinal, contudo posso considerar que entre observador e o observado existem múltiplos factores, internos (falta conhecimento, interpretação, problemas psicossomáticos e visuais, orgulho…) e externo (o outro, uma janela cujo o vidro está sujo, enfim…), que impendem uma nítida e perfeita visão.
Há quem só consegue enxergar problemas/caos e colocar defeitos nas outras pessoas, outros há, que fingem não ver nada, outros porém, para além dos problemas, que é notável, vêem oportunidades de mudanças, diversas possibilidades de recomeçar ou de crescer. Você pode, neste excerto ou neste blog, divisar apenas os erros, entretanto pode também tirar alguns benefícios não obstante os erros neles contidos.
Quantas vezes já não tomamos decisões precipitadas ou tirar ilações inexactas e erróneas relativamente àquilo que observamos de uma pessoa, do seu comportamento, da sua vivência? Quantas vezes já fomos enganados pela vidraça da nossa janela? Quantas vezes já concluímos que o problema não está nos outros, mas em nós? Eu me incluo nisso, cogito ser o momento de vermos, “com olhos de ver”, e corrigir os nossos erros, preparando para poder auxiliar os que de nós precisam e não censurá-los, para que futuramente não cometam os mesmos equívocos.
Fica o meu parecer: os nossos problemas não são maiores que a nossa determinação, eles são passíveis de resolução. Não apontemos o dedo para o outro, antes de analisarmos a nossa vida, para que não tenhamos o mesmo espanto da senhora. Não tomemos nenhuma decisão antes de… leia o início do texto.
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