Wednesday, August 8, 2007

COLUNA DO DR. JOÃO GOMES


REPUTAÇÃO


Há pessoas de reputação pelo simples facto de terem palavra e serem levadas a sério! Embora possa parecer que estou sendo «Juiz em causa própria», acredito que os meus pais são desse tipo de pessoas. Digo isso porque, desde a minha infância, sempre que eu era incumbido de fazer um «mandado», consistindo este num tomar algo que implicasse autorização especial, o assunto era logo resolvido com esta frase lapidar «é filho do Hélio e da Guidinha, podes entregar sem problema». «É filho do Hélio e da Guidinha, então não há confusão»! Ainda hoje, o nome deles vale alguma coisa! Mas essa reputação vinha de onde? Sendo ambos funcionários públicos, um escrivão e uma professora primária, certamente a reputação não estaria baseada no status social, embora já houve tempo em que ser funcionário público era «chique»! Nenhum deles tinha ascendência que, ao tempo, fosse digna de constar nos livros especiais dos registos civis. Mas então, qual era o segredo? Ambos eram pessoas de palavra, que se pedissem emprestado, pagavam; se prometessem, cumpriam; não deixavam deveres por cumprir e empenhavam a honra pessoal como garantia desse cumprimento. Procuraram incutir nos filhos tais virtudes, e se foram bem sucedidos ou não, só os outros falarão!
Como tudo mudou! Hoje, é natural prometer num dia aquilo que nenhum valor terá no dia seguinte. Tornou-se banal não honrar os compromissos! É com naturalidade que as pessoas são convidadas para certos compromissos a uma hora determinada e aparecerem duas ou mais horas depois, pois é catita chegar-se atrasado aos compromissos. Aliás, o que é isso de compromissos?! Pontualidade só no tempo dos pais deste colunista. Um dia, convidámos cerca de 5 casais para almoçarem connosco em nossa casa, aprazámos o repasto para as 13:00/13:30. Às 14:15, ainda ninguém tinha aparecido. Eu e minha esposa comemos, “sobremesamos”, e quando os convidados chegaram, uns às 15:00 e outros às 15:45, todos com a maior cara de pau deste mundo, mandei-os simplesmente aquecerem a comida. Aqueceram e comeram! Ah, e a amizade entre nós se manteve! Já ninguém empenha a palavra, pois esta tem reduzido valor, embora neste quadro meio negro, ainda existam várias pessoas dignas de constarem do quadro de HONRA!
Como está o nosso comportamento enquanto cristãos, no que à assumpção das nossas responsabilidades diz respeito? Na vida social, somos conhecidos por termos palavra?! Estamos mantendo a palavra, quando chega a altura de saldar os nossos compromissos, ou como cristãos, achámos elegante, tomar de empréstimo e não devolver? Achamos “chique” ter de pagar, e não pagar? Para nós é normal ter de comparecer, e não dar as caras a um compromisso? Será que estamos preocupados com o valor da nossa palavra?
Em Tiago 5:12 lemos «Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação». Esse versículo exorta-nos a dar, também, bastante atenção ao nosso comportamento social. Como numa anterior coluna eu escrevera, não podemos ter uma actuação na comunidade dos crentes, e não ter reputação social. Não podemos ser ambíguos! Tens um compromisso? Salda-o! Deves? Paga! Pediste emprestado? Devolve! Comprometeste em estar num certo lugar a uma certa hora? Não havendo justo impedimento, esteja lá à hora marcada! Prometeste fazer? Faz!
Que nenhum cristão pense que estas são questões menores que não merecem a nossa atenção, pois, elas merecem e muito. Num mundo onde a palavra já quase nada vale, onde poucos são levados a sério, Deus deseja que todos nós sejamos cumpridores e durmamos o sono dos justos. Só dorme este sono, quem é justo, e só é justo quem for firme e honrar a palavra. Procuremos as coisas que são de cima, é certo, mas não descuremos factos que podem obnubilar uma ligação mais aberta, franca e honesta com nosso CRIADOR!
No amor de Jesus,


João Gomes

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