Tuesday, August 28, 2007

ENTREVISTA COM A DRA M. ODETTE PINHEIRO

Dra Odette Pinheiro
“O meu principal desafio foi fazer os alunos sentirem e viverem a Verdade”
A Dra Odette Pinheiro deixa este ano a liderança do Seminário Nazareno de Cabo Verde, depois de 13 anos como directora daquele estabelecimento de ensino. Nesta hora di bai, ela faz um balanço positivo do trabalho feito e deixa ao novo director um desafio: “Procure de Deus a visão e quando a encontrar segue-a e passe-a aos outros”.
Entrevista por: Teresa Sofia Fortes Sousa
- Qual o sentimento nesta hora de saída da direcção do Seminário Nazareno de Cabo Verde?
- O meu sentimento é muito bom. Como sabe, pedi a saída da direcção mas vou continuar como professora. Desde há uns anos, que vinha dizendo que o meu tempo na liderança do Seminário Nazareno estava a terminar. Alguém tinha que tomar o facho para continuar o trabalho. De maneira que, neste momento, o meu sentimento é de expectativa de ver o que Deus vai fazer com uma nova geração e uma nova liderança. Agora, vou ficar na retaguarda, dando o meu contributo como professora e noutras áreas, sempre que se mostrar necessário.
- Qual foi o principal desafio que enfrentou nestes 13 anos como directora?
- Foram tantos os desafios … O meu principal desafio foi fazer os alunos sentirem e viverem a Verdade daquilo que ensinamos e pregamos, embora eu saiba que não somos donos absolutos da verdade. Creio que, quando chegarmos lá em cima, Deus vai dizer-me “Minha filha, algumas vezes, o que ensinaste não é bem aquilo que eu queria”. Sim, tanto no Seminário como nas igrejas sempre pautei a minha postura nesse sentido: quando ouvia algo que não estava alicerçado na nossa doutrina e na Bíblia, procurava sempre mostrar às pessoas a Verdade de Deus.
- Como disse, deixa o cargo de directora mas continuará como professora. Porquê, vocação?
- Bem, enquanto eu sentir que estou a fazer a diferença vou continuar a leccionar. No dia em que sentir a trombeta soar e vir a nuvem levantar, entenderei que Deus decidiu que é meu tempo de partir. Mas, por enquanto, penso que ainda é meu tempo de ensinar no Seminário Nazareno.
- Que sonhos ou desejos alimentou sobre o Seminário Nazareno mas que não conseguiu concretizar durante a sua direcção?
- Consegui abrir o ministério às mulheres, mas há alguns sonhos que não consegui concretizar e isto tem, intrinsecamente, a ver com o fim do meu tempo à frente do Seminário Nazareno. Nestes 13 anos, há coisas que eu não realizei, o que me fez entender que a minha hora de saída estava a chegar. E a minha frustração tem dois pólos. Primeiro, a oficialização do Seminário Nazareno a nível superior, ou seja, a obtenção do grau de bacharelato. Considero que o nosso Distrito tem de pôr isto como objectivo e trabalhar no sentido da sua concretização, não é só dizer que se quer. Sozinha, como directora do Seminário, não conseguiria empurrar a máquina. Segundo, o treinamento dos leigos. Eu sinto que somos fracos como leigos. Penso que a razão porque não estamos a crescer mais é que os nossos leigos estão sentados nos bancos ou a exercer cargos administrativos. Não estão a cumprir os princípios do sacerdócio leigo como está escrito na Bíblia, pois não estão a ministrar.
- Qual a maior ou mais intensa experiência que viveu neste período como directora do Seminário Nazareno?
- Foram tantas as intensas experiências … É difícil destacar uma porque a vida do crente é um contínuo de grandes experiências. Até as coisas más, quando Deus e a sua graça nos acompanham, se transformam em grandes experiências. Também a comunhão com os irmãos, o leccionar aos alunos, as oportunidades de aconselhamento aos irmãos foram experiências intensas e muito boas.
- Que palavras deixaria ao novo director do Seminário Nazareno e à sua equipa?
- Procure de Deus a visão e quando a encontrar segue-a e passe-a aos outros. Ao longo destes anos, eu disse sempre aos meus alunos: não podemos gerir a Igreja do Senhor como uma empresa comercial. A minha lealdade, primeiramente, não é para com uma instituição humana, mas com Deus. E o pastor tem que saber isso ali na sua igreja. A sua lealdade, em primeiro lugar, é com Deus.


Entrevistada por Teresa Sofia Fortes

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