Caro Armando:
Saíste há poucos instantes. Procuro reviver, enquanto as impressões são frescas, a alegria que tinhas na face quando me mostraste a carta do Director do Seminário Nazareno.
Já és um seminarista!
Poucas palavras – um mundo de sentido, de renúncia, de emoções, de oportunidade!
Jamais me esquecerei da bela hora de comunhão que passamos, em júbilo, aos pés de Deus.
Meu Armando:
Sê realista. Foi uma porta que se abriu; não um palácio. Foi um caminho; Não uma coroa. Foi uma misericórdia; não um merecimento.
Sê honesto. Define bem os teus motivos. Não desperdices energia em banalidades. És um Estudante, melhor, um Seminarista. O teu alvo não é passar: é aprender. Não é obter: é ser. A formatura não é o fim. É o princípio.
Sê grato. É sempre mais saboroso o pão quando temperado com a lembrança de como foi adquirido. Amam-se mais os Mestres quando se pensa de onde e por que vieram. Os primeiros Seminaristas, os Discípulos, tinham dormitórios sui generis: ora o fundo dum bote, ora o chão duro da montanha. Mas eram felizes, mesmo sem criadas que levassem suas túnicas (presente de amigos), mesmo quando tinham de assar com as próprias mãos os peixes que comiam.
Sê original. Não imitas ninguém. Deus não quererá ver-te transformado em papel-químico. Fala como Armando. Sente como Armando. Ora como Armando. Prega, canta, ri, come e vive como Armando.
Sê alegre. Não entraste num convento. Não precisas duma garrafa para colectar lágrimas. Fazer rir, sem magoar, é uma arte que aperfeiçoarás.
Sê cuidadoso. Normalmente o és. Mas sabes, Armando, sou pai. Conserva em bom estado o material e os móveis que te forem proporcionados. E a reputação da Escola. Não te esqueças que outros jovens irão lá ter, obedecendo a voz de Deus. E talvez o meu Paulo seja um deles.
Boa noite, Armando.
-Jorge de Barros
Presidente da JNI-Distrital
“In Epistola, vol. 9, Nº 10, Outubro/1965”
Saíste há poucos instantes. Procuro reviver, enquanto as impressões são frescas, a alegria que tinhas na face quando me mostraste a carta do Director do Seminário Nazareno.
Já és um seminarista!
Poucas palavras – um mundo de sentido, de renúncia, de emoções, de oportunidade!
Jamais me esquecerei da bela hora de comunhão que passamos, em júbilo, aos pés de Deus.
Meu Armando:
Sê realista. Foi uma porta que se abriu; não um palácio. Foi um caminho; Não uma coroa. Foi uma misericórdia; não um merecimento.
Sê honesto. Define bem os teus motivos. Não desperdices energia em banalidades. És um Estudante, melhor, um Seminarista. O teu alvo não é passar: é aprender. Não é obter: é ser. A formatura não é o fim. É o princípio.
Sê grato. É sempre mais saboroso o pão quando temperado com a lembrança de como foi adquirido. Amam-se mais os Mestres quando se pensa de onde e por que vieram. Os primeiros Seminaristas, os Discípulos, tinham dormitórios sui generis: ora o fundo dum bote, ora o chão duro da montanha. Mas eram felizes, mesmo sem criadas que levassem suas túnicas (presente de amigos), mesmo quando tinham de assar com as próprias mãos os peixes que comiam.
Sê original. Não imitas ninguém. Deus não quererá ver-te transformado em papel-químico. Fala como Armando. Sente como Armando. Ora como Armando. Prega, canta, ri, come e vive como Armando.
Sê alegre. Não entraste num convento. Não precisas duma garrafa para colectar lágrimas. Fazer rir, sem magoar, é uma arte que aperfeiçoarás.
Sê cuidadoso. Normalmente o és. Mas sabes, Armando, sou pai. Conserva em bom estado o material e os móveis que te forem proporcionados. E a reputação da Escola. Não te esqueças que outros jovens irão lá ter, obedecendo a voz de Deus. E talvez o meu Paulo seja um deles.
Boa noite, Armando.
-Jorge de Barros
Presidente da JNI-Distrital
“In Epistola, vol. 9, Nº 10, Outubro/1965”
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