Saturday, August 23, 2008

Não me curvarei

(Aos meus colegas pastores)

Curvar-me?
Podem tirar-me a água salutar,
Negar-me o pão da existência,
Esconder-me o indispensável à vida,
- mas não me curvarei!

Curvar-me?
Podem abrir transbordantes diques
Para que a cheia do ódio me afogue,
Podem as mãos das decepções estrangular-me,
Podem as brasas da calúnia queimar-me,
- mas não me curvarei!

Curvar-me?
Dai-me golpes
Com mil punhais da crítica,
Esfaqueai-me com cortes de ingratidão,
Arrancai-me a pele,
Amachucai-me a vida,
- mas não me curvarei!

Curvar-me?
Com a boca maldosa
Triturai-me os dedos que folheiam a Bíblia,
Com a espada da inveja
Decepai-me o braço
Que sustém a dolorosa cruz,
No patíbulo da injustiça
Cortai-me a cabeça
- mas não me curvarei!

Curvar-me?
Ainda que me arranquem a língua,
Ainda que me furem os olhos,
Ainda que me tapem os olhos,
- eu não me curvarei!

Curvar-me?
Deixem de tolices!
Se o corpo cai, morto,
Porque é de barro,
A alma no mundo das Torturas
manter-se-á firme, sustida por Jesus,
Até à Consumação dos Séculos.

- Gilberto Évora

“In Epistola, Vol 4, Nº 12, Dez/1960”

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