Friday, October 2, 2009

29 De Maio de 1966 - (Pentecostes) Dia inesquecível


“Quero o Salvador comigo
Sem Jesus não posso andar;
Quero conhecê-lo perto,
No Seu braço descansar”. (400 HC)

A nave do templo do Mindelo começou a encher-se bem cedo. As primeiras notas ao “Largo de Handel”, pela pianista D. Margaret Wood, anunciaram o início do cortejo. O candidato marcha com firmeza, rumo ao diploma – aprovação. A assistência, em pé, fez-me pensar na “grande nuvem de testemunhas” que observam a nossa peregrinação por este mundo. Os olhos espectadores levaram-me a acertar os passos. Seja assim na “carreira que nos está proposta”. Que os olhos do mundo nos incitem a regular os nossos passos pelo do Mestre!
Terminado o cortejo de abertura, o seminarista Daniel de Barros, privilegiado como porta-Biblia, lança-me um repto, citando II Timóteo 2:15 – o lema do Seminário. Sim, Daniel, antes desse dia, em épocas bem recuadas, com a certeza de alcançar a meta, se fechasse os olhos a qualquer possível oportunidade para não perder a visão de Jesus, iniciei esta marcha, empunhando dois estandartes: o que eu chamo a bandeira da “teimosia” – espírito de que às vezes sou tomado, quando tenho em vista um propósito, - e a bandeira da “aprovação divina”.
Sublinhei a segunda estrofe do hino do Seminário: O mundo desprezei... e Deus por meu quinhão tomei”. Nada possuía de valor utilitário, nenhuma oportunidade brilhante a renunciar. Tinha apenas aspiração pelo melhor – recurso escondido, que os homens ignoravam, mas Deus aproveitou para um contributo no Seu Reino. E a invocação do Rev. Jorge de Barros confirmou-me que não há preparação demasiada para dignificar o ministério; e que quanto maior a preparação tanto mais o ministério nos dignifica a nós, e não o contrário.
Na apresentação do aluno ao Superintendente, o mentor Humberto Pires Ferreira destacou precisamente o que por muitos anos me esforço por alcançar: carácter, de preferência ao diploma; nome escrito no Céu, antes de registá-lo em qualquer instituição secular. E, conforme o ponto de ênfase na mensagem do Rev. Gay, venho cavando no terreno da fé em busca das preciosidades da aprovação.
O Rev. Henck, virtuoso no violino, transportou-nos às entradas da Cidade Santa. Espero lá chegar, levando muitos comigo! Espero também encontrar-te ali, irmão amigo, no fim desta peregrinação. E só será possível se fizermos diariamente a oração elevada pelo solo da Sr.ª D. Charlotte Gay: “Contigo, ó Mestre, quero andar”.
Como os “Mensageiros da Luz” me desafiaram com o seu último número do dia, sob a capa negra e o chapéu do Seminário, com o diploma e a bênção do Director Rev. Wood, no dia de Pentecostes, “No Poder do Espírito”, em marcha académica ao som de Tannhauser de Wagner, o meu propósito neste mundo é “avançar... com poder, a anunciar Jesus”, de todas as formas e consoante as possibilidades ao alcance.
Alguém, pilheirando, lembrou-me que o diploma é a minha alforria de uma escravidão de estudos. Para mim é, antes, o documento de uma ligação perpétua: o “furar de orelha” para o serviço de um Amo glorioso!
Mas, irmãos e amigos, muito mais importante do que o cortejo, perante uma congregação densa, rumo ao diploma com o selo doirado do Seminário, é a marcha na vida diária, perante “uma tão grande nuvem de testemunhas” que esperam ver em nós e receber de nós uma influência positiva da realidade de Cristo.

António Marcelino Barbosa Vasconcelos
Fonte: Epistola Vol. 10, Nº 6 e 7, Junho e Julho/1966

1 comment:

Miriam Pina said...

Graças a Deus por HOMES como o Rev Antonio Barbosa que sao bençAso puras em nossas vidas..
Alguem que ademiro muito, em quem me espelho nesta jornada de seguir a Cristo.
Quem dera a muitos cruzar o seu caminho, e ouvir sempre aquelas palavras amaveis e penetrantes.
Que Deus continue a ungir do alto o Seu servo, e que nos abençoe ainda por longos anos.

A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.