Friday, October 2, 2009

Tartaruguinhas, a prova dos noves



Depois de um lindo sonho com as tartaruguinhas saindo dos ovos, relembrando-me a cena do ano passado, quase na mesma data, às 6 horas de tarde, desfilando rumo ao mar, muito calmamente, como num passarel de moda, a minha filha adoptiva apareceu no meu quarto, dando-me a notícia:
-As tartaruguinhas saíram ontem à meia-noite. Vinha para a casa e como soube da notícia, desci para ver.
-Que pena! Porque não me vieste chamar?
Manhã inesquecível!
Ansiosa, cheguei à Laginha, depois de uma noite também de ansiedade, para confirmar o que vira numa das manchetes do noticiário da T.C.V., sobre os estragos das chuvas.
Demorei mais tempo do que o costumeiro, para lá chegar, visto a inundação nalguns pontos da Avenida ainda se fazia sentir, devido a quantidade de precipitações, não vista há muitos anos.
A praia da Laginha, “sola”, como diz o italiano.
Só para ver e crer, que essa praia, que dias anteriores e durante todos os 365 dias do ano, desde às cinco horas de manhã e talvez às cinco da manhã seguinte, num movimento de banhistas, caminhantes, assistentes, pessoas que deixam o trabalho, deixavam por vezes a areia da praia, principalmente, em pleno Agosto, hoje eclipsado, para esse mar de vidro (gente).
Agora “sola” porque os estragos foram a olhos míopes.
Será de tanto clamor pela chuva, devido a onda de calor nunca visto e sentido em S. Vicente, como afirmam os mais antigos?
A chuva foi sim bem-vinda, embora os estragos, que a seu tempo, serão repostos.
Consegui a muito custo, enfrentar as águas, passá-las e chegar ao Calçadão, lugar mui apreciado dos desportistas e disputado, por vezes, quando os transeuntes se acotovelam.
- Ah! Afinal, você está aqui? A minha visão não me deixava enxergar, ao longe, o meu amigo assíduo.
Postado, de braços cruzados, rosto de admirador confuso, junto a um lugar especial e respeitado, (o recanto, abrigo das tartaruguinhas), meu amigo, morador em Monte Sossego, falou:
-Não podia deixar de vir, depois de ver o noticiário, de como a nossa Laginha ficou toda destruída.
-Eu também! Temos de ser amigos e solidários na alegria e na tristeza!
Olhando, ambos para o mesmo sítio.
- É verdade? Mas o que estou a perguntar a mim mesmo, é, se o que vejo é realidade?
Volveu meu amigo.
O que vê e o que vejo é realidade pura.”A prova dos noves de Deus”
Lá estava a casa das tartaruguinhas, intacta, e estas retornaram ao mar, conforme a notícia ouvida.
Descrever, não dá. Só observando in loco. Era ver como a praia da Laginha ficou destruída, de uma ponta à outra, mesmo à volta desta abençoada casa, erguida, qual o farol do ilhéu dos pássaros, mesmo em frente.
As estacas pequenas e frágeis, que seguravam a rede do aprisco, dessas ovelhinhas, não saíram nenhum do seu lugar. E estavam metidos, sem profundidade, na areia. O letreiro apoiado num pau, talvez menor que um pau de vassoura, mais delgado sim, no seu posto, como espantalho, segurando e anunciando a postura dos ovos, o fim da incubação e algo mais, estava no seu posto, soberbo e orgulhoso da sua missão.
Mas que milagre! Não existe?
Estava aí a prova dos noves!
E um diálogo, emocionado pela grandeza do poder de Deus, se irrompeu entre eu e o meu colega da Laginha.
-É verdade meu amigo. É uma vergonha como nós criaturas, feitas à imagem e semelhança de Deus, somos tão mesquinhos, desconfiados, vivendo numa ansiedade anormal, no dia a dia, quase a perecer por vezes, porque não confiamos nas promessas de Deus.
Mateus 6:25.34 “Eu vos digo: não andeis inquietos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir; não é a vida mais que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Olhai para as aves do céu, (as tartaruguinhas) que não semeiam, nem segam, nem ajuntem em celeiros; e o vosso Pai Celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
E quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, com toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? Não andeis, pois, inquietos dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? Decerto o vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas. Mas buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Lançai sobre mim toda a vossa ansiedade, porque tenho cuidado de vós”
Meu caro leitor, se Deus pode cuidar de um simples pardal, uma simples tartaruguinha, como não poderá fazê-lo para o homem à quem Ele criou e submeteu todo o Universo, para governar, abençoou-lhe e deu-lhe conhecimento e sabedoria para desfrutar tudo do bom e do melhor que Ele criou? Pára um pouco e medita: não haveria razão para tanto sofrimento que estás colocando sobre ti. Tanta stress, tanta depressão, tanta opressão, tanta possessão demoníaca, quando que tens um Criador, Pai, onde encontras a solução para todo e qualquer problema que vens colocando sobre ti.
A preservação das tartaruguinhas na nossa praia da Laginha é mais uma prova do cuidado do Criador para todo o mundo, desde que disponibilizemos a descansar nas suas promessas. Deus não impõe isso a ninguém porque Ele é um cavalheiro, 100%.
Por que nos deu o livro arbítrio, somos nós a decidir, se confiamos ou não.
Então descansemos, quando os vendavais da vida surgem, porque Ele sabe de tudo e está no controlo.
A vitória depende da nossa confiança.
Milú Leite..

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Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.