Friday, October 17, 2008

A mais bela flor

Por volta do ano 250 a.C., na China antiga, certo príncipe da região de Thing-Zda, norte do País, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria casar-se. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma “disputa” entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua auspiciosa proposta.
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
Ao chegar em casa e relatar o facto à jovem, espantou-se ao ouvir que ela pretendia ir à celebração e indagou, incrédula: - Minha filha, o que achas que fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta ideia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.
E a filha respondeu: - Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz, pois sei que meu destino é outro.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: - darei, para cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de “cultivar” algo, sejam costumes, amizades ou relacionamentos.
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura, pois sabia que, se a beleza das flores surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem de tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido e dia a dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada ela havia cultivado, e, consciente do seu esforço e dedicação, comunicou à sua mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além do que mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, de todas as mais variadas formas e cores. Ela estava absorta, nunca havia presenciado tal bela cena. E finalmente chega o momento esperado, o príncipe chega e observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção e, após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inusitadas reacções, ninguém compreendeu por que ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado; então calmamente ele esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a faz digna de se tornar imperatriz, a flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

“In O Caminho da Verdade, Vol. III, 2º semestre, página 47”

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A Figueira está de volta

Respondendo aos insistentes pedidos de antigos leitores do Epistolaonline, eis que anuncio o seu regresso. Na estrada, para a gloria de Deus.