Chuvas

É sempre problemática a sua vinda, e entre nós é sempre esperada com uma boa dose de incredulidade. Os que entendem do assunto dizem que a situação geográfica e a falta de arborização constituem as causas importantes da irregularidade das chuvas. Quase podemos dizer que elas caem em Cabo Verde por engano, como os avios que, durante a guerra, deixavam cair as suas bombas em alvos não indicados.
Examinando as escrituras, vejo que a vinda das chuvas esta condicionada à nossa relação com Deus, pois, se há leis divinamente estabelecidas desde a a fundação do mundo para regerem a vinda das chuvas, também o pecado pode afectar para certos povos a sua vinda.
Ao povo Israelita foi dito: 2Nao fareis... guardareis...renunciareis... então darei as vossas chuvas a seu tempo, e a terra dará a sua novidade, e a arvore do campo dará o seu fruto” (Lev. 26:4).
Mais adiante lemos: “E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos... darei a chuva da vossa terra a seu tempo... (Deu. 28:12).
Outro profeta, Jeremias, escreve no capítulo 3, verso3, que há chuvas retiradas pela desobediência do povo e que também há chuvas a seu tempo quando há obediência.
Há, sem duvida alguma, uma íntima relação entre a vinda da chuva e a obediência dum povo que se diz de Deus.
Em Cabo Verde, as chuvas quase sempre caem fora de tempo. E todos os anos o povo faz novas sementeiras, porque houve falhas no tempo que deviam vir.
O povo de Israel está no mundo para exemplo daquilo que Deus pode ou não fazer, quando há obediência. Perguntando-se a alguém por que cria na veracidade das escrituras, respondeu. 2Por causa dos Judeus”.
Ora, a historia desse povo pode ser a nossa. Vemos ao nosso lado tanta injustiça, tanto egoísmo, tanta falta de caridade, tanta superstição nos que se dizem cristãos e povo de Deus!
Oh, se o meu povo pudesse crer realmente nas escrituras e buscasse o verdadeiro arrependimento!
Andando pelo campo contemplo tantas cruzes amontoadas umas por cima das outras na superstição de que poderão trazer bênçãos especiais sobre a cultura, mas, ao mesmo tempo, vejo um egoísmo retratado, e bem vincado, no rosto dos homens! Vejo cristãos que mondam e cavam no dia do Senhor! Tanta falta de espírito perdoador! Tanta luxuria1 tanta musica indecente enchendo o ar! Tanta religião sem caridade!
É tempo de voltarmos par o Senhor, de atentarmos mais a Sua Palavra. O Salmista diz: “Considerei os meus caminhos e voltei os meus passos para os Seus estatutos”.
Em Amos 4:6-7 temos um retrato da nossa terra para quem quer aplicar o seu coração a estas coisas.
“Ouvi agora isto, o povo louco e sem coração, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis. Não me temereis a mim?... e não dizem no seu coração: temamos agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, a temporã e a tardia, a seu tempo,... As vossas iniquidades desviam estas coisas, e os vossos pecados afastam de vós o bem (Jer. 5:21-25).
Estamos nos últimos dias, mas deus é fiel nas suas promessas. A bênção do Senhor é de eternidade a eternidade sobre os que O temem.
Melhoremos os nossos caminhos. Ensinemos ao povo o bom caminho, e o resto virá como corolário natural.

Por: Eudo Tavares de Almeida

“In Epistola, Vol. 9, Nº9, Setembro/1965”