Saturday, October 13, 2007

Foi Retiro

Encontro nas cidades tiveram sempre o seu valor. Mas o campo de São Francisco fez reconhecer e ensinou a aproveitar outros valores que as cidades escondem.
Aqui, houve uma única agenda, a que tão bem concebida pelo superintendente. Não se viu ninguém a rever os habituais apontamentos ou a perguntar pelos furos do programa para as incumbências, repartições, oficinas, lojas e amigos. Não foi preciso mais do que um relógio. Coisas como gravatas ficaram nas bolsas. Cedo alguns deram conta de faltas cometidas em casa à hora de arrumar as malas. Faltou incluir uma mantinha, umas sandalhas, uns calções…
Era campo. Foi retiro mesmo.
Liberdade caracterizou o mais pequeno acto colectivo ou individual. A “Mesa Redonda” foi redonda mesmo. Foi descabido o receio de haver ângulos ou saliências a demarcar fronteiras que a própria ética não fosse capaz de regular.
Nas vinte e quatro horas de cada dia faltou o tempo mas não interesse sobre assuntos tratados. Nos pátios dos dormitórios não faltaram pequenos círculos abertos numa tentativa sadia de fixar ideias compartilháveis.
As “casernas” foram recintos de algum recreio. Estiveram sempre cheios de barulho, musica e alegria permitindo-nos um necessário desligar das preocupações, ainda que por pequenos instantes no grande calendário das ocupações ministeriais.
A cozinha funcionou a cem por cento. Por questão de saúde ou hábito alguns não jantam. Mas não no Retiro.
Ninguém notou a falta de banheiro no campo. Muitos copiaram o modelo das camas recentemente confeccionadas. Todos gostaram das cores vivas sobre as paredes e postes. Houve apenas uma reclamação: Saiu da boca de um mas do coração de todos: Por que não duas vezes por ano um encontro igual. Justa. Porque não, já que isto assim é mesmo Retiro

Rev Eugénio Rosa Duarte
“in epistola 1985”

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